Lewis Gilbert, realizador de três filmes "James Bond", morreu a 23 de fevereiro, foi agora anunciado. Tinha 97 anos.

O londrino fez a estreia na saga com "007 - Só Se Vive Duas Vezes" (1967), o quinto filme com Sean Connery como agente secreto e um dos que envelheceu pior: além de ser óbvio que o ator já não estava ali de alma e coração, nada era verdadeiramente memorável, da música às Bond-girls, e os esterótipos raciais e de género roçam o limite do suportável para os nossos dias.

O aspeto mais exótico foi a utilização do Japão como cenário principal da ação (colocando os ninjas e outros elementos da cultura asiática em primeiro plano anos antes de se tornarem moda), a introdução do autogiro Little Nellie e a primeira visualização de Blofeld, aqui encarnado por Donald Pleasance.

Os resultados foram muito melhores quando Gilbert regressou para "007 - Agente Irresistível" (1977), o quarto filme do período Roger Moore, que foi um dos mais êxitos de sempre da série e, para o bem e para o mal, consagrou o tom humorístico e quase de paródia que marcou as fitas posteriores.

Entre os momentos altos estavam toda a sequência de pré-genérico, os diálogos (“But James, I need You”, “So does England!”), o salto de pára-quedas com a bandeira britânica, mas quase tudo no filme funcionava, desde os gadgets (o Lotus Esprit submersível é um clássico) ao tema musical (“Nobody Does it Better”), passando pelo vilão Jaws.

Foi chamado logo a seguir para "007 - Aventura no Espaço" (1979), famoso por ser o Bond mais descontrolado, mais desvairado e mais louco de todos: o excesso foi a palavra de ordem e nada se levada a sério.

Para além destas aventuras, outros filmes da carreira tornaram-se clássicos, como "Alfie" (1966), Prémio do Júri no Festival de Cannes e a sua única nomeação para os Óscares, enquanto produtor do candidato a Melhor Filme.

O protagonista era Michael Caine, que se tornou uma estrela e regressou para outro título importante na carreira de ambos, "A Educação de Rita" (1983), que revelou Julie Walters.

A carreira de Lewis Gilvbert começou ainda na década de 20 do século XX como ator infantil e aos 17 anos teve um papel não creditado em "O Divórcio de Lady X" (1938). Decidiu começar a estudar realização e é já como assistente de Alfred Hitchcock que está em "A Pousada da Jamaica" (1939).

Com a Segunda Guerra Mundial alistou-se na Força Aérea e trabalhou em vários documentários na unidade de cinema, continuando depois no género com a realização de curtas.

Antes de chegar a Bond já tinha uma carreira de visibilidade onde se destacavam vários títulos baseados em histórias verídicas da guerra, principalmente "Afundem o Bismarck!" (1960).

A comédia romântica "Shirley Valentine" (1989) foi outro sucesso estimável numa fase já avançada da sua carreira, que terminou no reencontro com Julie Walters para a comédia "Vidas Perfeitas" (2002).