O ator Rip Torn morreu esta terça-feira em Connecticut. Tinha 88 anos.

Com uma carreira que começou ainda na década de 50, o seu sorriso sinistro tornou-o ideal para personagens de caráter duvidoso ou mesmo vilões, mas a mais popular no cinema foi uma mais simpática: Zed, o chefe dos "Men in Black" nos dois primeiros filmes com Will Smith e Tommy Lee Jones.

O primeiro filme da saga foi de 1997, numa fase em que a carreira do ator já tinha sido revigorada pelo trabalho pelo qual é mais recordado e lhe valeu vários prémios, incluindo um Emmy: a série "The Larry Sanders Show".

Exibida na HBO entre 1992 e 1998, era uma sátira aos bastidores dos "talk-shows" noturnos da televisão americana e Rip Torn interpretava o duro manipulador produtor do programa que se ocupava de tudo, incluindo gerir o ego frágil da sua estrela (papel de Garry Schandling).

Além dos filmes "MIB", Rip Torn teve outros trabalhos elogiados neste período, incluindo os filmes "O Informador", de Michael Mann (1999), "Wonder Boys - Prodígios", de Curtis Hanson (2000) e "Marie Antoinette", de Sophia Coppola (2005), e a série "30 Rock" (entre 2007 e 2009).

Muito populares foram também "Uma Questão... de Bolas" (2004) e principalmente "Freddy em Apuros" (2001), uma comédia surrealista de Tom Green que foi arrasada pela crítica e nas bilheteiras que recebeu oito nomeações para os Razzie (os Óscares dos piores), incluindo um para Torn como pior secundário, mas que viu a reputação aumentar, nomeadamente em relação ao papel do ator, após se tornar um fenómeno de culto com o sucesso gigantesco no então florescente mercado do DVD.

Rip Torn tinha uma reputação de rebelde, ficando célebre a frase "Nunca penses que és melhor do que qualquer outra pessoa, mas nunca deixes ninguém tratar-te como se fosses pior do que eles".

Em 2010, chegou a ser preso e posteriormente condenado a pena suspensa por entrar num banco armado e alcoolizado, alegadamente pensando tratar-se da sua casa, mas o caso mais famoso foi quando atacou o escritor e realizador Norman Mailer com um martelo na rodagem de "Maidstone" (1970) e começou uma luta em que tiveram de ser separados por outros atores: foi tudo captado pelas câmaras e entrou na versão final do filme.

Rip Torn fez a estreia no grande ecrã acontecera com um papel não-creditado em "A Voz do Desejo", de Elia Kazan (1956), aos 25 anos, antes de se mudar para Nova Iorque para estudar na lendária escola do Actor´s Studio e fazer em 1959 a estreia na Broadway com o elenco original de "Corações na Penumbra", de Tennessee Williams, que lhe valeu a nomeação para os prémios Tony e repetiu ao lado de Paul NEwman e Geraldine Page na adaptação ao cinema três anos mais tarde.

Pelo meio do regresso aos palcos, entrou em filmes como "Rei dos Reis" (1961), em que foi Judas, "O Aventureiro de Cincinnati" (1965), "Dia de Pagamento" (1973), "O Homem Que Veio do Espaço" (1976), "A Sedução de Joe Tynan" (1979), "Malditas Férias" (1985), antes de se tornar "advogado celestial" em "Em Defesa da Vida" (1991), de Albert Brooks.

A única nomeação para os Óscares foi como Melhor Ator Secundário por "Encontro com a Verdade" (1983), em que perdeu para Jack Nicholson em "Laços de Ternura, o que foi uma ironia: Nicholson tornou-se uma estrela com o papel de George Hanson em "Easy Rider" (1969), que Torn abandonou após uma grande discussão no restaurante com o ator e realizador Dennis Hopper (a quem ganhou um processo por difamação por este ter dito num "talk-show" em 1994 que ele o tinha ameaçado com uma faca).

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