Kelly Asbury tinha 24 anos quando procurou emprego como desenhador no estúdio Hanna-Barbera para "Smurfs", que se chamou "Os Estrumpfes" em Portugal.

Não conseguiu, mas três décadas depois, está a realizar o novo filme sobre as aventuras destas pequenas e divertidas criaturas azuis.

Quando assumiu o projeto, a primeira coisa que recebeu foi um livro de regras.

"Tivemos que trabalhar dentro desses parâmetros", explica Asbury, 57 anos, numa entrevista concedida à AFP e a outros meios de comunicação especializados.

Regra número um: "Os Smurfs só comem smurfresas. Podem comer um bolo de smurfresas, um sanduíche de smurfresas....". "Seja o que for, mas com esse ingrediente, o mirtilo", afirmou.

Com esse livro debaixo do braço, Asbury está a dar os retoques finais na próxima animação da Sony, "Smurfs: A Aldeia Perdida", na qual um misterioso mapa leva Smurfette e os seus companheiros a uma "floresta proibida" cheia de criaturas mágicas, onde encontram uma misteriosa aldeia perdida de outros Smurfs antes do maligno feiticeiro Gargamel.

"Apropriar-se de uma marca estabelecida, tão amada no mundo inteiro, é uma grande responsabilidade. Não quero ser acusado de arruinar os Smurfs", confidenciou.

Em Portugal, a estreia está marcada para 30 de março, uma semana antes dos EUA.

Começando do zero

Quando tomou a decisão de fazer este filme, Asbury ainda não trabalhava com a Sony e pouco sabia  sobre estas personagens azuis, criadas pelo cartoonista belga Peyo em 1958 e que se tornou a referida série de animação nos anos 80.

"Gostaria de ter sido uma criança quando 'Os Estrumpfes' estrearam na televisão", declarou o também realizador de "Shrek 2" (2004) e um membro da equipa que dirigiu o aclamado "A Bela e o Monstro" (1991).

"É meio irónico, na verdade, porque não tinha filhos, estava com os meus 20 anos, pelo que não prestei muita atenção [...] O engraçado é que quando tinha uns 24 tentei trabalhar para 'Os Estrumpfes' na Hanna Barbera e não consegui", lembrou a rir.

Mas 30 anos depois, Sony chamou-o para liderar este projeto, para o qual mergulhou numa profunda pesquisa sobre a história e Peyo.

Agora, diz-se um "expert" no tema e sente-se o "Smurf realizador" de dia e o "Smurf preguiçoso" de noite.

Este filme é o terceiro da saga da Sony. Inicialmente, seria uma continuação dos dois primeiros filmes de "live-action" de 2011 e 2013, mas 100% animado.

Com o conhecimento adquirido, Asbury deu uma guinada radical ao projeto: os personagens tinham de ser mais próximos dos originais.

"Redesenhamos tudo para torná-lo mais parecidos com os de Peyo, mas ficou tão diferente dos filmes de "live-action" que dissemos que teríamos de romper [com os títulos anteriores] e começar do zero", disse ele.

E é engraçado como, por exemplo, uma joaninha é usada para "fotografar", como um smartphone, o mapa da floresta.

Escolha da voz

Julia Roberts faz parte do "casting", interpretando a voz da "Smurfwillow", ao lado de Demi Lovato (Smurfette), Rainn Wilson (Gargamel), Joe Manganiello (Hefty), Jack McBrayer (Clumsy), Danny Pudi (Brainy) e Mandy Patinkin (Papa Smurf).

"A forma como escolhi as vozes foi escutá-las sem saber de quem se tratava para não ser seduzido por grandes nomes", explicou.

Segundo confessou, reconheceu imediatamente Julia Roberts, mas não Demi Lovato, que canta uma versão da famosa "Let It Go" em "Frozen - O Reino do Gelo".

"Conhecia a forma de cantar, mas não a sua voz falada. Havia uma força, confiança, tinha qualidade, textura. É uma Smurfette diferente, mas neste filme ela é forte e determinada", disse o realizador, que empresta sua voz ao Smurf Nosey (Intrometido).

Lovato, de 24 anos, pouco ou nada sabia dos personagens azuis quando o papel chegou às suas mãos.

"Perguntei aos meus pais, vi vídeos no YouTube", contou a atriz sobre a sua preparação.

E para aqueles que se perguntam se o "la-ra-ra-la-la-la" está no filme, a resposta é sim.

Mas Asbury, que sonha com um segundo filme, não adiantou onde, quando ou como...

Trailer.

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