A forma como "vigiou" as atividades de Tom Cruise para o destronar como a maior estrela de cinema do mundo é uma das revelações da autobiografia de Will Smith, publicada esta terça-feira nos EUA, mas com excertos a circular há semanas, acompanhando a contagem decrescente para a chegada do seu mais recente filme, "King Richard", que muitos apostam que o levará à consagração nos Óscares (estreia esta semana em Portugal).

No livro, Will Smith recorda-se de ter pedido conselhos a Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone e Bruce Willis durante a inauguração da sucursal do restaurante em que os três eram sócios, o Planet Hollywood, em Sydney, na Austrália, a 26 de maio de 1996.

"Não és uma estrela de cinema se os tens filmes apenas têm sucesso na América. Não és uma estrela de cinema até que cada pessoa em cada país no mundo sabe quem és. Tens de viajar pelo globo, apertar cada mão, beijar cada bebé. Pensa em ti como um político a concorrer para 'Maior Estrela de Cinema no Mundo'", foi a resposta de Schwarzenegger.

Will Smith levou este conselho muito a sério: por esta altura, tinha acabado "O Príncipe de Bel-Air", a série que o lançou, e passara um ano desde a estreia de "Bad Boys", que o tornou uma estrela de cinema.

"Comecei a reparar como outros atores detestavam viajar, imprensa e promoção. Parecia uma grande loucura para mim", escreveu na autobiografia, descrevendo como ele e o seu manager perceberam que um filme podia arrecadar mais dinheiro nas bilheteiras e sucesso num país se ele o visitasse e participasse em eventos com a imprensa e os fãs.

Will Smith acrescenta: "Examinei a minha área de competição para ver quem mais sabia, quem mais tinha o segredo" e percebeu que Tom Cruise "era o líder do pelotão".

Cruise, claro, era a maior estrela de cinema do mundo, graças a sucessos como "Top Gun", "Cocktail", "Rain Man", "Uma Questão de Honra", "A Firma" e "Entrevista com o Vampiro": quando Will Smith estava na Austrália, tinha acabado de estrear o primeiro "Missão Impossível".

"Comecei a monitorizar discretamente todas as atividades promocionais globais do Tom. Quando chegava a um país para promover o meu filme, pedia aos executivos locais que me dessem a programação promocional do Tom. E jurei fazer duas horas a mais de tudo o que ele tivesse feito em cada país", escreveu Will Smith.

Mas a teoria era mais difícil de colocar em prática do que ele julgava.

"Infelizmente, Tom Cruise é um ciborgue ou há seis dele. Estava a receber relatórios de segmentos de quatro horas e meia em passadeiras vermelhas em Paris, Londres, Tóquio... em Berlim, o Tom literalmente assinou todos os autógrafos até que ninguém mais quisesse. Individualmente, as campanhas globais de Tom Cruise eram as melhores em Hollywood", reconhece na autobiografia.

Para o bater, Will Smith virou-se para a música, organizando espetáculos seus ao vivo à entrada das antestreias que atraiam milhares de fãs: um deles, em Londres, teve de fechar após 10 mil pessoas estarem a ocupar as ruas.

"O Tom não conseguia fazer isso - nem Arnold, Bruce ou Sly. Tinha encontrado o meu caminho para sair do segmento das notícias de entretenimento e para as primeiras páginas. E quando o teu filme passa do entretenimento para as notícias, não é mais um filme - é um fenómeno cultural", confirma no livro.