"Hamilton" chega à plataforma Disney+ com sua inovadora mistura de hip-hop, rap e um elenco multiétnico para contar a história da fundação dos Estados Unidos, num momento de profunda reflexão sobre o racismo no país.

Uma versão filmada do aclamado espetáculo da Broadway estará disponível para assinantes do serviço de streaming a partir de 3 de julho (em Portugal, será preciso esperar pela estreia do serviço a 15 de setembro).

Com os cinemas fechados devido à COVID-19, o filme oferece a oportunidade de ver a versão original, que ganhou 11 prémios Tony e já arrecadou mais de mil milhões de dólares em todo o mundo.

O seu criador Lin-Manuel Miranda destacou o empolgamento que a influência do musical produziu nos protestos nacionais que se seguiram à morte no mês passado de George Floyd, um americano negro, às mãos (ou, neste caso concreto, do joelho) de um polícia branco.

"Quando vejo uma faixa num protesto de rua que diz 'A história está voltada para ti' ou 'Amanhã haverá mais de nós', sei que a linguagem do espetáculo se liga de uma maneira que me faz sentir incrivelmente orgulhoso", disse Miranda numa conferência de imprensa virtual, referindo-se a duas das músicas de "Hamilton".

O musical conta a história de Alexander Hamilton e dos outros fundadores dos Estados Unidos através de uma lente moderna, de um país multiétnico, onde rap, blues, jazz e hip-hop se misturam com a música tradicional.

Legado do racismo

Desde a sua estreia na Broadway, várias versão percorreram todo o país e o exterior, principalmente com atores não brancos. Para Renée Elise Goldsberry, membro do elenco original, essa diversidade e a mensagem da peça, arriscar tudo por uma causa justa, chega num momento que não poderia ser mais oportuno.

"A diversidade deste país pode ser reivindicada por todas as pessoas que o criaram, que é uma das muitas coisas que esse espetáculo celebra e acho que é muito necessário neste momento", disse Goldsberry, que interpretou Angelica Schuyler, cunhada de Hamilton.

No início de maio, a Disney decidiu adiar o lançamento do filme durante mais de um ano para preencher uma lacuna de programação deixada pela pandemia.

A sua estreia também acontece no momento em que estátuas e monumentos históricos estão a ser removidas ou derrubadas em todo o país, enquanto os americanos enfrentam o legado do racismo.

Okieriete Onaodowan, também do elenco, ficou emocionada ao "ver como isso afeta a juventude negra hoje".

"Os jovens que andam por aí, chateados e com raiva, podem ver isso e perceber que podem drenar as suas energias através da escrita, desafiando pessoas que estão a dizer coisas que não gostamos de ouvir, como Hamilton fez", destacou.

Experiência própria

Desde a estreia em janeiro de 2015, "Hamilton" tornou-se muito popular, entre elogios nas redes sociais e celebridades como a família do ex-presidente Barack Obama.

A então primeira-dama Michelle Obama chamou-lhe "a melhor obra de arte que já vi na vida".

O seu imenso sucesso fez com que os preços dos bilhetes subissem rapidamente, com eles a serem revendidos por milhares de dólares.

"Sempre dissemos que queríamos democratizar" o acesso do público à peça, disse Miranda sobre o filme.

"As pessoas não podiam pagar a entrada", acrescentou Daveed Diggs, que interpretou o Marquês de Lafayette e Thomas Jefferson.

"Estávamos, como empresa e como entidade, em constante batalha com o mercado de revenda", recordou.

O realizador Thomas Kiel filmou a peça em três dias em junho de 2016.

O filme combina duas apresentações ao vivo - nas quais as câmaras foram colocadas entre e acima da plateia da Broadway - com outra feita a portas fechadas, nas quais "fomos capazes de subir ao palco com a câmara fixa ou uma numa grua "para uma maior sensação de proximidade".

"Não se trata apenas de assistir ao espetáculo", disse Kiel. "Esta é uma experiência própria".

VEJA O TRAILER NA VERSÂO ORIGINAL.

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