Kirk Douglas completa 100 anos esta sexta-feira, uma longevidade que a estrela atribui ao "maravilhoso casamento" de mais de seis décadas.

O icónico ator, que interpretou papéis que marcaram a história do cinema, revelou num texto especial para a revista Closer Weekly por ocasião do aniversário de 100 anos que a sua segunda e atual esposa, Anne, de 97 anos, tem sido a inspiração para superar as adversidades ao longo do tempo.

"Tive a sorte de encontrar a minha alma gémea há 63 anos e acredito que o nosso casamento maravilhoso e as nossas conversas noturnas da 'hora de ouro' me ajudaram a sobreviver a tudo", escreveu.

O ator, que foi nomeado para os Óscares por três vezes, vai celebrar a data ao lado de 200 parentes e amigos numa festa organizada pelo seu filho, Michael Douglas, também uma estrela de Hollywood, e pela nora Catherine Zeta Jones.

Forçado a uma reforma por causa dos problemas de fala provocados por um acidente vascular cerebral em janeiro de 1996, está a ensaiar com um terapeuta de linguagem para fazer um pequeno discurso no dia da festa.

"Estão sempre a pedir-me conselhos sobre como viver uma vida longa e saudável. Não tenho nenhum, mas acredito que temos um propósito aqui", afirmou.

"Fui poupado num acidente de helicóptero e de um derrame para fazer mais coisas boas no mundo antes de partir", completou.

Kirk Douglas, filho de imigrantes russos analfabetos, interpretou alguns papéis emblemáticos do cinema, do escravo Spartacus ao pintor Vincent van Gogh, passando pela lenda do velho oeste Doc Holliday. Trabalhou em mais de 80 filmes, mas, ao contrário das novas gerações, nunca aceitou um papel numa sequela.

"Vulcão"

Issur Danielovitch foi o nome que recebeu ao nascer num bairro pobre de Nova Iorque, onde estudou interpretação na Academia de Artes Dramáticas.

"O Grande Ídolo", de 1949, valeu-lhe a primeira nomeação para o Óscar de Melhor Ator, um prémio que nunca venceu e que só chegou à família com o filho por "Wall Street" (1987) - Michael Douglas já tinha recebido um como produtor por "Voando Sobre um Ninho de Cucos" (1975).

Entre os filmes mais famosos de Kirk Douglas destacam-se "Cativos do Mal" (1952), "A Vida Apaixonada de Van Gogh" (1956), "O Último Comboio de Gun Hill" (1959), "Spartacus" (1960) e "Sete Dias em Maio" (1964).

Os filhos mais velhos, Michael e Joel, nasceram do seu primeiro casamento, com Diana Douglas, que terminou em divórcio em 1951.

Três anos depois casou-se com a belga-americana Anne Buydens, que uma vez escreveu a respeito de Kirk Douglas: "Viver com o meu marido é como sentar-me num lindo jardim ao lado de um vulcão que pode entrar em erupção a qualquer momento".

O casal teve dois filhos: Eric e Peter.

"Cem anos de idade certamente é um marco, mas os factos são o que pai realizou em 100 anos. Para mim, a sua resistência e tenacidade são as qualidades que mais se destacam. Ensinou-me a dar o melhor em qualquer coisa que faça. Ele é o pacote completo", afirmou Michael Douglas na edição especial da Closer Weekly.

Fé judaica

A família Douglas passou por uma boa dose de tragédias e desastres ao logo dos anos.

Eric, também ator, morreu vítima de uma combinação de álcool e medicamentos aos 46 anos em 2004, depois de anos de luta contra o vício.

O acidente citado pelo ator aconteceu em 1991, quando o helicóptero de Kirk Douglas bateu num avião na Califórnia. Duas pessoas morreram.

Mas o incidente permitiu uma redescoberta da fé judaica.

O AVC sofrido em 1996 impediu que continuasse a falar corretamente, mas recuperou parcialmente graças a meses de terapia.

E, à medida que sua saúde impedia o retorno aos sets dos filmes, ele e a sua esposa voltaram-se cada vez mais para a filantropia, com a intenção de doar para obras de caridade a maior parte de sua fortuna.

O casal reconstruiu 400 parques infantis em Los Angeles e foi responsável pela construção do "Harry's Haven", a unidade de Alzheimer batizada com o nome do pai de Kirk no Abrigo do Fundo de Cinema e Televisão em Woodland Hills, Califórnia.

Angie Dickinson, grande amiga, contracenou com o ator em "A Sombra de um Gigante" (1966), onde existia uma cena que exigia que ambos estivessem nus.

"Não se pode pedir pedir mais do que recebe de Kirk", disse a atriz de 85 anos, ex-esposa do lendário compositor Burt Bacharach.

"Tenho de dizer que é simplesmente um homem perfeito. Tudo o que ele faz é perfeito", completou.