A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) tenta fazer uma reestruturação face a críticas generalizadas relacionadas com diversidade e transparência.

O grupo exclusivo, formado por cerca de 80 jornalistas da área do cinema, foi acusado de usar o prestígio que acompanha uma nomeação ou vitória nos Globos de Ouro para obter vantagens e acesso privilegiado às estrelas da indústria cinematográfica norte-americana.

De acordo com as "novas políticas que envolvem presentes, viagens e conflitos de interesse", os membros da HFPA "não podem aceitar materiais promocionais ou outros presentes de estúdios, publicitários, atores, realizadores ou outras pessoas ligadas a filmes e programas televisivos".

"A HFPA continua dedicada à mudança transformadora que descreveu no seu plano de reforma e cronograma de maio", afirmou o grupo num comunicado à AFP. "Ontem, a organização estabeleceu novas medidas-chave para avançar com a reforma."

Entre as reformas mencionadas, a organização criou uma linha direta para receber denúncias (que serão investigadas por um grupo independente), aprovou um novo código de conduta e contratou assessores de diversidade, igualdade e inclusão.

Os Globos de Ouro são um dos prémios mais importantes de Hollywood, mas o seu futuro tem sido questionado. Uma carta assinada por mais de 100 profissionais da indústria pediu à HFPA em março o fim do "comportamento discriminatório, da falta de profissionalismo e ética e da suposta corrupção financeira." Essas questões somaram-se às críticas feitas anteriormente pelo movimento Time's Up, pela igualdade de género.

Celebridades como Scarlett Johansson e Mark Ruffalo consideraram as reformas promovidas pelos organizadores do Globo de Ouro lentas e inadequadas, enquanto Tom Cruise devolveu os seus três prémios, em protesto. Estúdios poderosos, como a Warner Bros, a Netflix e a Amazon, anunciaram que não irão trabalhar com a HFPA até que haja mudanças mais significativas.

Em maio, a NBC cancelou a sua transmissão da cerimónia do próximo ano. No mês passado, dois membros renunciaram, em protesto contra o "ambiente tóxico" da associação.

"Continuaremos a atualizar a indústria sobre o nosso avanço, à medida que votarmos novos estatutos, que irão criar uma organização inclusiva, diversa e responsável, da qual os nossos membros, partes interessadas e parceiros se orgulhem", indicou a HFPA.