Apesar do papel do capitão Jack Sparrow o ter tornado uma estrela de cinema global e milionário, Johnny Depp nunca viu "Piratas das Caraíbas - A Maldição do Pérola Negra".

O ator surpreendeu com esta revelação sobre o filme de 2003 que transformou a sua carreira e com o qual conseguiu uma nomeação para o Óscar de Melhor Ator durante o seu depoimento esta terça-feira no julgamento por difamação nos EUA que o opõe à ex-mulher Amber Heard, que está a ser transmitido em direto.

O tema surgiu durante o interrogatório da advogada sobre a carreira e o seu papel mais famoso, especificamente sobre o resultado do primeiro filme.

"Não o vi", admitiu, com as imagens a mostrarem um sorriso comprometido.

"Mas acredito que o filme correu aparentemente bastante bem e eles [os executivos do estúdio Disney] quiseram continuar, fazer mais, e por mim isso estava bem. [...] Não é como se nos tornássemos essa pessoa, mas se conhecemos essa personagem ao ponto que eu conhecia – porque não era o que os argumentistas escreveram, portanto eles não conseguiam escrever para ele... a partir do momento em que se conhece a personagem melhor do que os argumentistas, é quando se tem de ser fiel à personagem e adicionar as nossas palavras", acrescentou.

Johnny Depp esta terça-feira em tribunal

Antes destas palavras, Depp explicou como o impacto da sua criação, que repetiria em quatro sequelas: "As personagens caricaturais conseguem safar-se de coisas que nós não podemos. O capitão Jack Sparrow pode fazer coisas que eu nunca poderia fazer. Ele podia dizer coisas que eu nunca poderia dizer. Portanto, para mim isso foi uma forma de esticar os parâmetros de uma personagem e correr um risco ao fazê-lo".

"Mas se funcionasse, e eu senti que estava a ir numa missão bastante boa, pensei que poderia ser uma personagem que seria aceite por pessoas de 5 e 45 anos, de 65 e 85 anos, da mesma forma que é o Bugs Bunny é”, acrescentou.

Sobre a sua primeira reação ao que estava em papel, o ator respondeu: "Achei que tinha todas as características de um filme da Disney – ou seja, uma espécie de estrutura previsível de três atos. A personagem do capitão Jack era mais como uma espécie de espadachim sem camisa e a ser o herói".

"Eu tinha ideias bem diferentes sobre a personagem, portanto incorporei as minhas notas na personagem e dei-lhe vida. Inicialmente, para grande desgosto da Disney", recordou.