Nos cinemas a 8 de dezembro ou a partir da véspera de Natal na Netflix, os espectadores irão reparar que o nome de Jennifer Lawrence é o primeiro a aparecer por umas fracções de segundo antes do de Leonardo DiCaprio nos créditos iniciais do filme "Não Olhem Para Cima".

O realizador Adam McKay escreveu o argumento da sátira a pensar na atriz, que também foi a primeira a lê-lo. E em entrevista à revista Vanity Fair, a atriz explicou que era o seu nome que aparecia primeiro na listagem diária da produção e achou que os créditos deviam refletir isso. E embora estivesse contratualizado que os dois partilhariam o primeiro lugar, Di Caprio "muito graciosamente" concordou.

Mas apesar da posição na escala e nos créditos no impressionante elenco de estrelas (Meryl Streep, Cate Blanchett, Jonah Hill, Timothée Chalamet... ), Jennifer Lawrence não foi a mais paga: saíram notícias de que recebeu 25 milhões de dólares, menos cinco do que o colega. Ou, como foi apontado, ganhou 83 cêntimos por cada dólar de DiCaprio.

Uma diferença salarial que não a preocupa... desta vez.

"Sim, também vi isso. Vejam, o Leo traz mais receitas de bilheteira do que eu. Sou extremamente afortunada e estou satisfeita com o meu acordo. Mas noutras situações, o que eu tenho visto — e tenho a certeza que outras mulheres no mercado de trabalho também viram — é que é extremamente desconfortável perguntar sobre a equidade salarial. E quando se questiona algo que parece desigual, dizem que não é disparidade de género, mas não podem dizer exatamente o que é", explica na entrevista.

Uma posição que contrasta com o que aconteceu quando fez o filme "Golpada America" em 2013 e descobriu mais tarde ter recebido uma percentagem menor dos lucros em relação a Bradley Cooper, Christian Bale e até Jeremy Renner.

Quando foi publicamente confrontada com a discriminação, a antiga CEO da Sony Amy Pascal afirmou que não se sentia obrigada a pagar mais do que as estrelas pediam e acrescentou que "a verdade é que o que as mulheres têm que fazer é não trabalhar por menos dinheiro. Têm de afastar-se. As pessoas não deviam ficar tão gratas pelos trabalhos".

Após o "recado", Jennifer Lawrence passou a lutar por melhores acordos financeiros e sabe-se que ameaçou desistir do projeto "Passageiros" (2016) se não ganhasse o mesmo que o colega Chris Pratt.

Em outubro de 2015, a atriz explicou essa mudança num texto para a newsletter de Lena Dunham, intitulado "Why Do I Make Less Than My Male Co‑Stars?" [Por que é que ganho menos do que os meus co-protagonistas masculinos?].

"Quando o roubo dos mails Sony aconteceu e descobri o quanto menos estava a ser paga do que as pessoas sortudas com pénis, não fiquei zangada com a Sony. Fiquei zangada comigo mesma. Falhei como negociadora pois desisti cedo. Não queria continuar a lutar por milhões de dólares que, francamente, devido a duas sagas ["X-Men" e "Os Jogos da Fome"], não precisava."

Aquela que é uma das vencedoras do Óscar mais novas de sempre salientava que isso se devia à sua necessidade de "ser adorada" e o medo de parecer "difícil" ou "mimada", o que em parte atribuiu à sua idade e personalidade, mas também a uma questão social.

"Poderá existir um hábito persistente de tentar exprimir as nossas opiniões de uma certa forma que não 'ofenda' ou 'assuste' os homens?", interrogava-se.

"Na altura, isso parecia uma boa ideia até que vi os salários na internet e percebi que todos os homens com quem estava a trabalhar definitivamente não se preocupavam sobre ser 'difíceis' ou 'mimados'", acrescentava.

Jennifer Lawrence escreveu que esses dias acabaram e que não teria mais medo de abordar o sexismo na indústria que originou essa desigualdade: "Estou farta de tentar encontrar a forma 'adorável' de dar a minha opinião e ainda gostarem de mim. Que se lixe. Acho que nunca trabalhei com um homem em posição de poder que passasse o tempo a contemplar que abordagem ia usar para que a sua opinião fosse ouvida. É simplesmente ouvida. Jeremy Renner, Christian Bale e Bradley Cooper lutaram todos e foram bem sucedidos em negociar bons acordos para eles. Se alguma coisa, tenho a certeza que foram elogiados por serem implacáveis e habilidosos, enquanto eu estava ocupada a preocupar-me com passar por uma fedelha e não conseguir o que era justo para mim".

VEJA O TRAILER "NÃO OLHEM PARA CIMA".

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