Um ataque cardíaco terá sido a causa da morte do aclamado realizador canadiano Jean-Marc Vallée, indicaram várias fontes não oficialmente ao Deadline Hollwood.

O fanático do fitness terá morrido no dia de Natal na sua cabana perto da cidade do Quebec, onde se preparava para receber convidados e foi encontrado na manhã seguinte.

As primeiras notícias destacavam apenas que a morte teria sido "repentina" e deixado a sua família e as pessoas mais próximas em estado de choque.

“Jean-Marc representava criatividade, autenticidade e tentar coisas de forma diferente", destacou Nathan Ross, parceiro de produção de muitos anos.

"Era um verdadeiro artista e um tipo generoso e adorável. Todos os que trabalharam com ele não podiam deixar de ver o talento e a visão que ele possuía. Ele era um amigo, parceiro criativo e um irmão mais velho para mim. O maestro fará muita falta, mas é um conforto saber que o seu belo estilo e trabalho de impacto que partilhou vai continuar a viver", concluía o comunicado.

"A paixão de Jean-Marc Vallée por fazer filmes e contar histórias era incomparável - assim como o seu talento. Através do seu trabalho e com a sua arte, ele deixou sua marca no Quebec, em todo o Canadá e à volta do mundo. Os meus pensamentos estão com a sua família, amigos e fãs enquanto choram a sua morte repentina", escreveu Justin Trudeau, Primeiro-Ministro do país.

Jean-Marc Vallée nasceu em Montreal e estudou cinema na Universidade do Quebec, começando a sua carreira dirigindo videoclips e curtas-metragens no final dos anos 1980, antes de fazer uma aclamada estreia com o filme "Liste noire" em 1995, que recebeu nove nomeações para os prémios Genie da Academia de Cinema e Televisão do Canadá.

Mais reconhecimento chegou com o quarto filme, "C.R.A.Z.Y." (2005), inspirado pelas suas experiências como a homofobia no Quebeque durante os anos 1970 e foi a candidatura do Canadá ao Óscar de Melhor Filme Internacional.

Esse sucesso de crítica levou-o ao 'mainstream', através do drama "A Jovem Vitória", com Emily Blunt no papel da jovem monarca britânica e nomeado para três Óscares, vencendo a estatueta de Melhor Guarda-Roupa.

O Clube de Dallas (2013)

Conhecido pelo seu estilo naturalista, filmando frequentemente com luz natural e câmaras ao ombro, dando liberdade aos atores para improvisarem e se movimentaram em cena, conseguiu sucesso em Hollywood com "O Clube de Dallas" (2013), um drama sobre o impacto da Sida, que ganhou três Óscares, para os atores Matthew McConaughey e Jared Leto (este como secundário), além da Caracterização. O próprio Vallée foi nomeado pela montagem, sob o pseudónimo de John Mac McMurphy.

Big Little Lies

Seguiu-se uma famosa parceria com Reese Witherspoon, que o escolheu para dirigir "Livre" (2014) e depois os episódios da primeira temporada de “Big Little Lies” (2017), com a qual ganhou dois prémios Emmy, à volta dos segredos e mentiras de uma pequena comunidade, com a crónica feminina a sair reforçada num drama adulto e desconcertante ainda com Nicole Kidman, Shailene Woodley, Alexander Skarsgård e Zoë Kravitz.

"O meu coração está partido. Meu amigo. Adoro-te", escreveu a atriz e produtora Reese Witherspoon nas redes sociais.

"O mundo perdeu um dos seus maiores e mais puros artistas e sonhadores. E nós perdemos o nosso querido amigo. Os nossos corações estão partidos", partilhou Laura Dern.

Da mesma série da HBO, Shailene Woodley disse estar "completamente chocada" e partilhou numa Instagram Story a foto do realizador de costas a cozinhar.

Inicialmente previsto para que fosse apenas o produtor executivo, Jean-Marc Vallée também supervisionou a rodagem adicional e editou os episódios da segunda temporada (2019) alegadamente para tentar unificar o estilo com a primeira após divergências criativas da realizadora Andrea Arnold com a HBO e as produtoras Reese Witherspoon e Nicole Kidman.

A HBO afirmou que está "em choque com a notícia da sua morte repentina".

"Jean-Marc Vallée foi um cineasta brilhante e muito dedicado", afirmava o comunicado enviado à revista especializada The Hollywood Reporter.

"Los Locos" (1997), um 'western' com Mario Van Peebles, "Loser Love" (1999), "Café de Flore" (2011), com Vanessa Paradis, e "Demolição" (2015), com Jake Gyllenhaal, foram outros títulos que dirigiu para os cinemas.

O seu último trabalho foi como realizador, editor e produtor executivo de todos os oito episódios de outra aclamada série, "Sharp Objects", com Amy Adams, de 2018.