James Franco está na crista da onda no mundo do cinema: além de ser um dos anfitriões da noite dos Óscares deste ano, conseguiu a sua primeira nomeação à estatueta dourada de Melhor Actor pelo papel mais elogiado da sua carreira: o do alpinista e aventureiro
Aron Ralston que ficou com o braço preso a uma rocha, sozinho, no meio de um canyon do Utah. Para sobreviver viu-se forçado a beber a própria urina e, finalmente, a cortar o próprio braço com os instrumentos que tinha à mão, tendo ainda de conseguir regressar à civilização para ser curado. A história é verídica e é contada no novo filme de
Danny Boyle, oscarizado por
«Quem Quer Ser Bilionário?», que vê agora
«127 Horas» nomeado a seis Óscares, nomeadamente ao de Melhor Filme.

Para Franco, de 32 anos, que está presente em todas as cenas do filme e quase sempre sem contracena, é o papel de uma vida, a mais recente confirmação de um talento que já vem de longe e está longe de se esgotar no cinema.

Oriundo de uma família ligada às artes, com pai de ascendência portuguesa e sueca, Franco atingiu logo notoriedade na sua primeira experiência na interpretação, como protagonista da série televisiva de curta duração
«Freaks and Geeks».

No cinema, o primeiro papel principal chegou logo no ano 2000 com a comédia
«Custe o que Custar», e o prestígio crítico conquistou-o no ano a seguir, ao interpretar James Dean num «biopic» televisivo de
Mark Rydell, que lhe valeu o Globo de Ouro.

Em 2002, James Franco aceitou o papel de Harry Osborn no «blockbuster»
«Homem-Aranha», conseguindo a partir daí aliar papéis em produções de grande porte com dramas mais independentes, com actores e realizadores de prestígio. Na mesma época contracenou com
Robert De Niro em
«A Cidade do Passado», foi dirigido por
Robert Altman em
«A Companhia» e protagonizou a estreia na realização de
Nicolas Cage,
«Sonny».

Sempre alternando com as sequelas de «Homem-Aranha», Franco protagonizou de seguida alguns filmes com fracos resultados comerciais, mas que não beliscaram a sua reputação de actor esforçado: o drama militar
«Annapolis - Paixão e Glória», a aventura aérea
«Flyboys - Nascidos para Voar» e o romance medieval
«Tristão e Isolda». Mais elogios acabou por receber pelas suas prestações nas comédias
«Um Azar do Caraças», em que tinha apenas um pequeno papel, e
«Alta Pedrada», que lhe valeu a nomeação ao Globo de Ouro.

A sua reputação de actor dramático voltou a ser reforçada pelo pequeno papel que interpretou no drama independente
«A Rapariga Morta» e, principalmente, pelo papel de namorado de Harvey Milk no oscarizado
«Milk», realizado por
Gus van Sant e protagonizado por
Sean Penn.

A carreira de Franco vai actualmente de vento em popa, e a sua aposta na variedade de registos parece ser completamente ganha: em 2010, além de «127 Horas», interpretou Allan Ginsberg no filme independente e experimental
«Howl» e em 2011 terá o papel protagonista na prequela de
«O Planeta dos Macacos», um «blockbuster» em potência.

Mas os talentos de Franco vão muito além do cinema: em 2010, o actor publicou um livro de contos,
«Palo Alto», inspirado no local onde nasceu, e é também um artista plástico, cuja primeira exposição individual decorreu o ano passado em Nova Iorque e integrava pintura, fotografia, escultura e vídeo. Actualmente a terminar um curso de inglês em Yale (cujas aulas o fizeram faltar ao «luncheon» de nomeados da Academia), Franco contracenará no final deste ano com
Nicole Kidman na Broadway, numa nova encenação de
«Sweet Bird of Youth», de Tennessee Williams.

Todas estas qualidades artísticas poderão vir ao de cima na apresentação da cerimónia dos Óscares a 27 de Fevereiro, talvez a maior incógnita da noite. Há quem diga que ele poderá fazer uma espécie de «performance» e ele próprio já disse que poderá ser o pior anfitrião da história da cerimónia, mas tendo em conta a qualidade e empenho que sempre imprimiu aos seus projectos, ninguém o leva muito a sério nesse julgamento.