O filme português "Vitalina Varela", de Pedro Costa, vai estrear na próxima sexta-feira nas salas de cinema britânicas, incluindo o Instituto de Artes Contemporâneas (ICA), em Londres, que vai realizar uma retrospetiva do realizador ao longo de duas semanas.

O ciclo do ICA dedicado a Pedro Costa arranca com uma apresentação especial de "Vitalina Varela" na terça-feira, que inclui uma sessão de perguntas e respostas com o realizador português, que vai também estar presente nas projeções dos filmes "Casa de Lava", na quinta-feira, e "Ossos", no sábado.

Até 15 de março será possível assistir na mesma sala de cinema a "No Quarto de Vanda" (2000), "Juventude em Marcha" (2006), a curta-metragem "O Nosso Homem" (2010) e "Cavalo Dinheiro" (2014).

"Esta retrospetiva do ICA destaca o compromisso de Costa ao longo de 25 anos em observar e enquadrar as vidas e dificuldades dos habitantes das Fontainhas", refere a instituição britânica fundada em 1946.

O texto de divulgação descreve os filmes do cineasta português como "uma abordagem visual distinta, adotando o claro-escuro na imagem em movimento de maneira semelhante à que Caravaggio usou a pintura, mas com dimensões políticas e radicais fortemente incorporadas na sua atividade".

"Vitalina Varela" teve estreia mundial em agosto do ano passado no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, onde arrecadou os principais prémios do certame: Leopardo de Ouro e Leopardo de melhor interpretação feminina.

Desde então, tem sido exibido e tem recebido vários prémios em diversos festivais internacionais de cinema.

O filme conta a história de uma mulher que viveu grande parte da vida à espera de ir ter com o marido, Joaquim, emigrado em Portugal. Sabendo que ele morreu, Vitalina Varela chegou a Portugal três dias depois do funeral.

Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava o filme anterior, "Cavalo Dinheiro", acabando por incluir parte da história dela na narrativa e dando-lhe agora protagonismo na nova obra cinematográfica.

Quando recebeu o prémio em Locarno, Pedro Costa afirmou que a distinção era "muito importante para as pessoas que fizeram o filme".

"Falo de pessoas que vivem hoje no esquecimento, dormem nas ruas, são torturados. O cinema pode protegê-los, de certa forma vingar uma parte desta situação, porque pode ser exibido em qualquer lado", disse.