A Netflix divulgou esta quinta-feira o trailer "sensorial" de "Bardo": dois minutos e meio apenas com imagens e sons do novo filme de Alejandro González Iñarritu com a canção dos Beatles "I Am the Walrus".

TRAILER.

Esta não é a única surpresa: o realizador mexicano cortou 22 dos 174 minutos da primeira apresentação mundial do filme no Festival de Veneza no final de agosto e a duração final ainda pode voltar a mudar.

Com o título completo de "Bardo (ou Falsa Crónica de Algumas Verdades)", os protagonistas são o ator espanhol-mexicano Daniel Jiménez Cacho e a argentina Griselda Siciliani.

O argumento foi coescrito pelo próprio Iñárritu com o argentino Nicolás Giacobone anda à volta de um famoso jornalista e documentarista mexicano “que regressa ao seu país enfrentando a sua identidade, os seus afetos familiares, assim como o passado e a nova realidade do seu país”.

Responsável por uma filmografia extraordinariamente premiada, Iñárritu, de 58 anos, dirigiu seis longas-metragens, todas nomeadas para vários Óscares: a "Amor Cão" seguiram-se "21 Gramas" (2003), "Babel" (2006) e "Biutiful" (2010), seguindo-se a consagração com "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" (2014), que recebeu as estatuetas de Melhor Filme e Melhor Realização, e "The Revenant: O Renascido" (2015), onde repetiu o prémio de realização.

Mas a versão de "Bardo" com quase três horas apresentada em Veneza (Itália) e a seguir no Festival de Telluride (EUA) dividiu os públicos e os críticos entre reações de êxtase e (quase) indiferença.

No entanto, mais consensual foi a opinião de que tinha uma duração excessiva e quebras de ritmo.

Em declarações exclusivas ao IndieWire, Iñarritu garantiu que ainda não leu as críticas por uma questão de "saúde mental", mas explicou que os prazos apertados não lhe permitiram mostrar a tempo "Bardo" à família e amigos para auscultar reações.

"A primeira vez que vi o meu filme foi com duas mil pessoas em Veneza. Essa foi uma boa oportunidade de vê-lo e aprender sobre coisas que poderiam beneficiar de estar um pouco mais afinadas, adicionar uma cena que nunca chegou a tempo e mudar a ordem de uma ou duas coisas. Aos poucos, aprimorei e estou muito entusiasmado com isso", esclareceu.

A versão com 152 minutos (sem créditos) será vista pela primeira vez esta semana no Festival de San Sebastián (espanha), mas o realizador promete continuar a aperfeiçoar "para conseguir o melhor filme" até à estreia nos cinemas de alguns países (a começar pelo México a 27 de outubro) antes do lançamento na Netflix anunciado para 16 de dezembro.