O compositor vencedor dos Óscares Howard Shore, responsável por sucessos marcantes de "O Silêncio dos Inocentes" a "O Senhor dos Anéis", diz que a música surge dos seus sonhos.
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"Gosto de improvisar", explicou à France-Presse.
"Gosto de ler o livro, a peça ou o argumento e depois sonho e entro num estado de associação improvisada com o mundo do filme", acrescentou.
"É daí que vem a música, de sonhar a história", disse.
Shore, de 76 anos, esteve presente em Cannes na segunda-feira como parte da celebração anual dos compositores no Festival de Cinema.
A SACEM, associação de compositores da França, está a pedir à roganização para "dar à música o seu lugar de direito" e entregue um prémio pela banda sonora de um filme.
De acordo com as leis francesa e norte-americana, os compositores são oficialmente "co-autores" de todos os filmes ao lado dos realizadores e argumentistas, disse Cecile Rap-Veber, presidente executiva da Sacem.
"Está claro, com pouquíssimas exceções, que se tirar a música de um filme, rapidamente verá que algo está a faltar", notou.
“É um dos elementos indispensáveis que geram emoções e transmitem a mensagem da história”, acrescentou.
"Ótimo colaborador"
Shore agradece qualquer esforço para reconhecer o trabalho dos compositores de filmes, que, segundo ele, desempenham um papel crucial em "manter o relacionamento entre o público e a narrativa".
Ele ganhou três Óscares pelo seu trabalho com Peter Jackson nas trilogias "O Senhor dos Anéis" e "O Hobbit".
"Peter estava no estúdio todos os dias. Ele era um grande colaborador", lembrou.
Ele também trabalhou regularmente com Martin Scorsese (incluindo em "The Departed" e "O Aviador") e outros grandes nomes de Hollywood, como David Fincher (para "Seven" e "O Jogo").
Mas o seu relacionamento mais longo é com o diretor canadiano David Cronenberg, desde os primeiros filmes como "A Mosca" e "Videodrome" até o terror corporal do ano passado, "Crimes do Futuro", e o seu próximo, semi-autobiográfico, "The Shrouds".
"David e eu somos quase como irmãos, crescemos no mesmo bairro", disse Shore.
"Ele é muito instintivo, nunca olha para trás. Nos 16 filmes que fizemos juntos, tentamos muitas coisas diferentes", recordou.
Shore começou a sua carreira como músico de jazz e mais tarde trabalhou nos primeiros episódios anárquicos do lendário programa de TV "Saturday Night Live".
O que o atraiu para o trabalho no cinema foi a oportunidade de lidar com a tecnologia - "todos os microfones e a acústica".
"Comecei no teatro. Foi um ótimo campo de treino", disse.
"Mas, desde então, tentei praticamente tudo o que se pode tentar em termos de uso de música", conclui.
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