A caminho dos
Óscares 2023
Após dois comunicados escritos e um vídeo de quase seis minutos lançado nas suas redes sociais no final de julho onde respondia a perguntas preparadas sobre a bofetada que deu ao comediante Chris Rock na cerimónia dos Óscares no final de março, foram vários os analistas que comentaram que Will Smith não poderia ficar apenas por dar a sua versão num ambiente "controlado" e a sua tentativa de reabilitação pública teria de passar pelo escrutínio de um jornalista a sério ou alguém como Oprah Winfrey.
A fazer promoção do seu novo filme, o drama histórico "Emancipation", da Apple TV+, Will Smith encontrou a sua versão de Oprah Winfrey esta segunda-feira à noite em Trevor Noah, o comediante e apresentador do The Daily Show que festejou com ele a vitória nos Óscares e foi uma das poucas figuras públicas que se mostrou mais compreensiva com as suas ações.
"Percebo como aquilo foi chocante para as pessoas. Estava perdido. Aquilo foi uma raiva que há muito tempo estava engarrafada. Foi uma noite horrível, como podes imaginar. Há muitas nuances e complexidades nisso. Suponho que diria que nunca se sabe o que alguém está a passar. Mas no fim, eu apenas... perdi a cabeça. Estava a passar por alguma coisa naquela noite. Não que isso justifique o meu comportamento... [...] Foram muitas coisas. Era o miúdo que via o pai bater na mãe. Tudo isso saltou naquele momento. Não é quem eu quero ser", disse o ator na sua primeira entrevista num "talk-show".
Mais tarde na conversa de quase 22 minutos, disse que a controvérsia o tornou mais consciente das suas falhas: "Sempre quis entrar e salvar a donzela em perigo. E tive de me humilhar e perceber que sou um ser humano imperfeito. E ainda tenho a oportunidade de andar pelo mundo e contribuir de uma forma que preenche o meu coração e talvez ajude outras pessoas".
Numa entrevista separada divulgada na segunda-feira pelo jornalista Kevin McCarthy, Will Smith disse "entender perfeitamente" e respeitar quem acha que é demasiado cedo para voltar a ver os seus filmes.
Nas duas entrevistas, houve uma mensagem comum: não querer que as suas ações prejudiquem a receção a "Emancipation" e quem trabalhou com ele.
"A minha maior preocupação é com a minha equipa – [o realizador] Antoine [Fuqua] fez o que considero o maior trabalho de toda a sua carreira. As pessoas desta equipa fizeram alguns dos melhores trabalhos de todas as suas carreiras, e a minha esperança mais profunda é que as minhas ações não penalizem a minha equipa. Neste momento, é para isso que estou a trabalhar", justificou.
Visto como um forte candidato aos Óscares, o filme será lançado em alguns cinemas a 2 de dezembro antes de chegar à Apple TV+ no dia 9: a super produção com um orçamento de pelo menos 145 milhões de dólares centra-se na história verídica de Peter, um escravo em fuga durante a Guerra Civil dos EUA (1861-1865) que teve de se mostrar mais inteligente para vencer caçadores de recompensas sanguinários e os implacáveis pântanos do estado do Louisiana para chegar à liberdade, no norte dos EUA e ao Exército da União.
A produção é inspirada pelas fotos histórias que foram tiradas de Peter num exame médico durante o alistamento, nomeadamente a que expunha as cicatrizes das suas costas, provocadas por um castigo com chicote que quase o matou.
Uma delas, conhecida como "Scoured Back", foi publicada pela imprensa dos dois lados do oceano, galvanizando a causa do abolicionismo pelo mundo [a causa política para abolir a escravatura] e provocando um aumento de alistamentos de negros no exército da União.
Também países como a França deixaram de comprar algodão aos estados do sul dos EUA.
Comentários