«Cisne» e
«Palácios de Pena (The Last Generation of Portugal)» integram a secção Horizontes da 68ª edição do
festival de Veneza, que decorrerá de 31 de agosto a 10 de setembro.
A programação integral do festival só será anunciada na quinta-feira em Roma, mas a organização divulgou hoje os filmes daquela secção paralela, que inclui mais de meia centena de filmes entre curtas, médias e longas-metragens.
Teresa Villaverde regressa pela terceira vez a Veneza, onde em 1994 conquistou um prémio com
«Três Irmãos» (Melhor Atriz para
Maria de Medeiros) e em 2001 recebeu uma menção especial com
«Água e Sal».
Gabriel Abrantes, que em 2010, juntamente com Daniel Schmidt, venceu o Leopardo de Ouro de curtas-metragens em Locarno com
«A History of Mutual Respect», apresentará em Veneza a média-metragem «Palácios de Pena (The Last Generation of Portugal)».
Ainda na secção Horizontes de Veneza, serão exibidos
«Girimunho», de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina, uma co-produção entre Brasil, Espanha e Alemanha,
«Hollywood Talkies», produção de Óscar Pérez e Marc Ribot, ou
«Sal», de
James Franco, e
«Amore Carne», de Pippo Delbono.
O júri da secção Horizontes é presidido pelo realizador tailandês
Apichatpong Weerasethakul.
O filme de abertura do festival de Veneza será «The Ides of March», de
George Clooney.
«Cisne»: um filme sobre o amor e a solidariedade como salvação
«Cisne» é o primeiro filme de Teresa Villaverde em que no final tudo acaba bem, mas até lá as personagens da história procuram a salvação através do amor e da solidariedade, disse a realizadora à agência Lusa.
O filme só estreará nos cinemas portugueses depois do verão e só depois de passar pelo festival de cinema de Veneza, onde acaba de ser selecionado para a secção Horizontes.
Sobre «Cisne» sabia-se muito pouco, que tinha
Beatriz Batarda e Miguel Nunes como protagonistas, que Chico Buarque tinha composto uma canção - «Nina» -, e que foi feito um pequeno vídeo sobre o filme que anda a circular na Internet.
Nesse vídeo vê-se a atriz Beatriz Batarda a interpretar a canção «Nina» num palco. Está a encarnar o papel de uma cantora, Vera, que fecha uma digressão em Lisboa.
Em cada cidade, Vera pede para ter uma pessoa, um assistente, a acompanhá-la e em Lisboa conhece o jovem Pablo (Miguel Nunes), que tem uma vida misteriosa, um passado de abandono familiar e que precisa de ajuda, contou Teresa Villaverde.
Sem adiantar muito mais sobre o filme, a realizadora explicou que nesta história, cujo argumento assina, lhe interessava o cruzamento de mundos muito diferentes: «A ideia de quem é o cisne fica em aberto, cada pessoa vai achar que é uma coisa diferente».
«Os personagens estão num momento de desequilíbrio nas vidas deles e esse desequilíbrios complementam-se entre todos e eles vão ajudar-se», descreveu.
Para Teresa Villaverde, «o que sai mais do filme é que apesar de toda a confusão da nossa vida, ainda há uma possibilidade de resolver as coisas que é o amor e a solidariedade, e para nos salvarmos temos que salvar os outros».
«Cisne» surge cinco anos depois de
«Transe», o filme sobre a imigração ilegal e o tráfico de mulheres.
Este é o primeiro filme cem por cento português da realizadora, feita apenas com financiamento nacional, com o apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Câmara Municipal de Lisboa.
Em 2008, o projeto tinha ambições mais internacionais, mas a crise financeira também afetou as co-produções, disse.
«O filme foi saltando de dificuldade em dificuldade até que consegui acabá-lo. Eu acho que isto vai acontecer mais vezes. As co-produções estão mais difíceis de conseguir», disse a realizadora que em «Cisne» assumiu ainda o papel de produtora de si mesma, porque «todos os tostões contam para fazer um filme».
Teresa Villaverde ainda não tem estreia comercial para «Cisne» e está a estudar a forma como vai fazer.
«Esta coisa da crise fez-nos pensar. Não podemos ficar parados à espera que as coisas aconteçam», disse.
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