"Delírio em Las Vedras", o filme de Edgar Pêra baseado no carnaval de Torres Vedras, vai chegar este ano às salas de cinema, anunciou o cineasta, na véspera da antestreia prevista para quarta-feira naquela cidade.

Após dois anos de rodagem e pós-produção, a longa-metragem "vai ser seguramente distribuída" para as salas de cinema, ainda que não exista data marcada, disse Edgar Pêra à agência Lusa.

Na primeira antestreia na Fundação Serralves, no Porto, o realizador afirmou que houve uma boa adesão do público, a ponto de "quem já viu ter ficado curioso para visitar o evento e reconhecer que é diferente de outros carnavais inspirados no Brasil", já que Torres Vedras reclama ter o carnaval "mais português de Portugal".

"Mostro o filme a pessoas que não conhecem o carnaval e elas não sabem quem são os mascarados e quem são os atores e confundem-nos. Portanto, o objetivo foi atingido porque me interessava ter um filme que fosse fiel ao espírito do carnaval de Torres Vedras e que a ficção e a comédia não estivessem ali a acompanhar brincadeira", afirmou.

Para o realizador, "Delírio em Las Vedras" é um filme em 3D, sendo ao mesmo tempo ficção e documentário, e juntando a espontaneidade dos mascarados a um fio narrativo associado à comédia portuguesa.

O filme foi rodado durante sete dias em pleno carnaval de 2015 e dá a conhecer as suas vivências. Ao mesmo tempo cria a sua história, transforma os atores em repórteres televisivos e radiofónicos que, também mascarados, entrevistam os autênticos foliões e constroem as suas próprias histórias.

O protagonista, Nuno Melo, faz dois papéis: "É o Ermelindo, o repórter de um canal institucional, e a Ermelinda, a matrafona à força. Está lá contrariado porque acha que este é um tema que não interessa às elites".

Os monólogos do ator têm, também eles, um "caráter autobiográfico e o pendor cómico" caraterísticos do ator falecido em junho de 2015, acrescentou.

"Apontávamos a câmara para qualquer lado e tínhamos sempre motivos de interesse", contou o cineasta, adiantando que muitos dos entrevistados são matrafonas, máscara típica em que os homens se vestem de mulheres, mas afirmando a sexualidade masculina.

Para Edgar Pêra, o filme, apoiado pelo município, pretende ser também um veículo de promoção do carnaval de Torres Vedras, que atrai cerca de 350 mil visitantes durante os cinco dias.

O filme, de 80 minutos, está nomeado para o Festival Internacional de Cinema de Roterdão e junta-se aos quase 40 filmes já realizados pelo cineasta.

Nele contracenam ainda Marina Albuquerque, José Raposo, Sofia Ribeiro, Albano Jerónimo, José de Pina, Rui Melo, Miguel Borges, Marco Paiva, Jorge Prendas, Miguel Pereira, Miguel Partidário, João Sodré, Marlise Gaspar e os foliões torrienses.

O filme vai estar em exibição no cinema de Torres Vedras entre sexta-feira e domingo, integrado no ciclo dedicado a Edgar Pêra.

Promovido pela Fundação Serralves e com curadoria de António Preto, o ciclo conta com a exibição de filmes do cineasta e com uma exposição alusiva à sua obra, a partir de quinta-feira e até 01 de março.