O ator, realizador e argumentista italiano Roberto Benigni vai receber o Leão de Ouro de carreira do Festival de Cinema de Veneza, em setembro, em Itália, foi hoje anunciado.

Roberto Benigni, 68 anos, é "uma figura de referência inigualável e sem precedentes no panorama das artes performativas italianas", que se destacou desde a estreia "pela abordagem inovadora e irreverente às regras e tradições", sublinhou o diretor do festival, Alberto Barbera, justificando a escolha do prémio de carreira.

"O meu coração está cheio de alegria e gratidão. É uma honra imensa receber um reconhecimento tão alto pelo meu trabalho no Festival Internacional de Cinema de Veneza" comentou Benigni ao receber a notícia.

Benigni, que sobressai no domínio da comédia, começou o percurso artístico nos anos 1970, no teatro e na televisão. Na altura, no pequeno ecrã, entrou na série "Onda Libera", suspensa por causa de um momento escatológico alvo de censura, e "L'altra domenica".

No final daquela década estreou-se no cinema como ator, no filme "Berlinguer, I love you" (1977), de Bertolucci. "Tu mi turbi", de 1983, representa a estreia de Benigni como realizador e regista a entrada em cena da atriz Nicoletta Braschi, companheira de vida e protagonista de outros filmes que rodou.

A Vida é Bela (1998)

Para o festival de Veneza, Roberto Benigni brilha em todos os registos, seja no teatro, cinema ou televisão, "graças à sua exuberância e impetuosidade, à forma generosa com que se relaciona com o público e à alegria apaixonada, que é talvez a mais original imagem de marca da sua obra".

"Com admirável ecletismo, sem nunca desistir de ser ele mesmo, deixou de assumir o papel do ator cómico mais extraordinário da rica galeria de intérpretes italianos para ser um realizador memorável capaz de fazer filmes de enorme impacto popular, para depois se tornar definitivamente o intérprete e divulgador mais apreciado da 'Divina Comédia' de Dante", resumiu Barbera.

"A Vida é Bela", filme que rodou e interpretou em 1997, versando sobre o Holocausto, será um dos melhores exemplos desta descrição do festival de Veneza.

No filme, Benigni interpreta um judeu que recorre a todas as estratégias imaginativas para proteger e iludir o filho dos horrores de um campo de concentração nazi, um papel que lhe valeu um rol de prémios internacionais, entre os quais o grande prémio do júri de Cannes e o Óscar de melhor ator.

O festival de Veneza recorda que "A Vida é Bela" ainda é o filme mais popular do cinema italiano, somando 9,7 milhões de espectadores.

Autor de vários filmes, entre eles "Johnny Palito" (1991), "O Tigre e a Neve" (2005), recentemente foi premiado como melhor ator secundário pelo papel de Geppetto, por "Pinóquio" (2019), do realizador italiano Matteo Garrone.

Em 2008 recebeu o César honorário em Paris e em 2020 o "Prix Lumière" da carreira, entre os inúmeros reconhecimentos internacionais que obteve.

Conhecido pelo cinema americano depois de protagonizar filmes de autores como Jim Jarmusch e Woody Allen, ele é um dos poucos artistas italianos que "soube fundir a sua explosiva comédia, muitas vezes acompanhada de uma sátira irreverente, com admiráveis dotes de repreentação, ao serviço de grandes realizadores como Federico Fellini, Matteo Garrone e Jim Jarmusch, além de ser um intérprete literário contundente e refinado", reconheceu Barbera.

Nascido em Misericordia (Castiglion Fiorentino, Arezzo) em Toscana a 27 de outubro de 1952, Benigni começou a sua carreira artística no início da década de 1970 e depressa se tornou um dos atores, realizadores e argumentistas italianos mais populares.

Benigni conseguiu os seus primeiros sucessos no teatro de vanguarda e depois em programas de televisão, alcançando mais tarde o cinema.

A 76.ª edição do festival de Veneza decorrerá de 01 a 11 de setembro.