O Festival de Cannes rejeitou atribuir acreditações de imprensa para o evento aos jornalistas russos por causa da guerra da Ucrânia.

Esperam-se quatro mil jornalistas de cerca de 75 países no festival de cinema mais importante do mundo (e o maior mercado), que decorrerá entre 18 e 28 de maio.

Segundo dois jornalistas russos que acompanham Cannes há vários anos a quem foi rejeitada a acreditação, um grupo contactou a chefe de imprensa do festival no final da semana passada, que os informou que o festival tinha "esperado que as coisas melhorassem" entre a Rússia e a Ucrânia antes de tomar a decisão.

"Aprovámos apenas a comunicação social que está em linha com a posição do festival em relação à situação na Ucrânia", confirmou Agnes Leroy à publicação The Wrap".

Perante as dúvidas sobre se algum jornalista da Rússia tinha obtido a acreditação para acompanhar o festival, um porta-voz de Cannes disse à revista The Hollywood Reporter que foram aprovados "apenas os poucos” meios de comunicação russos que estão alinhados com a posição anti-guerra do festival.

Essa posição foi definida a 1 de março, quando a organização anunciou em comunicado que não receberia delegações oficiais procedentes da Rússia nem aceitaria a presença de qualquer órgão relacionado com o governo russo durante a guerra na Ucrânia.

Nos últimos meses, o regime russo tem apertado a controlo à comunicação social com novas leis de censura, nomeadamente definindo como crime chamar guerra à "operação especial" na Ucrânia.

“A compreensão de Cannes de ‘estar alinhado com a política de Cannes em relação à Ucrânia’ não está ajustada à realidade que os jornalistas russos estão a enfrentar. Fugi da Rússia este ano e estou a falar abertamente sobre a guerra nas redes sociais, incluindo no meu blogue de cinema, mas não posso usar o meu meio de comunicação para falar porque isso colocaria toda a minha equipa em risco", lamentou uma das jornalistas afetadas pela decisão ouvidas pelo The Wrap.

A medida não afeta a presença de artistas que se opõem ao regime do presidente Vladimir Putin, como o realizador Kirill Serebrennikov, que tem um filme pela segunda vez na corrida à Palma de Ouro.

"Fiel à sua história, que começou em 1939 resistindo às ditaduras fascistas e nazis, o Festival de Cannes estará sempre ao serviço dos artistas e profissionais do cinema, cujas vozes se erguem para denunciar a violência, a repressão e as injustiças, e para defender a paz e a liberdade", destacava o comunicado do festival, implicitamente recordando que a primeira edição deveria ter ocorrido 1 de setembro de 1939, que foi o dia da invasão da Polónia pela Alemanha, o que levou ao seu cancelamento.

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