O primeiro grande festival de cinema do ano começa esta quinta-feira em Berlim com o propósito de abrir as portas ao público, apesar das críticas da imprensa local pelo medo de contágio do coronavírus.

Embora decorra formalmente até 20 de fevereiro, a 72ª edição da Berlinale, um evento que se vangloria de ocupar dezenas de salas de cinema na cidade e vender milhares de bilhetes todos os anos, reduziu, no entanto, a duração da competição para seis dias, revelando os premiados a 16 de fevereiro.

E a capacidade das salas também será menor, com reserva obrigatória.

A noite de abertura terá a exibição de "Peter Von Kant", do francês François Ozon, uma espécie de homenagem ao filme "As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant" (1972), de Rainer Werner Fassbinder.

Poucas estrelas devem comparecer em Berlim, algo que não preocupa a organização do festival, que por tradição aposta nos filmes polémicos ou com tom vanguardista, e pouco no cinema comercial.

A francesa Isabelle Huppert, atriz que se destaca pelos seus papéis arriscados e controversos, receberá um prémio pelo conjunto de sua carreira.

O júri, que deve anunciar o tradicional Urso de Ouro de Melhor Filme a 16 de fevereiro, é presidido pelo cineasta indiano M. Night Shyamalan, realizador de "O Sexto Sentido" (1999) e "O Protegido" (2000).

A edição de 2021 da Berlinale decorreu num formato virtual, considerado dececionante para a crítica e o público.

O Festival de Berlim deste ano "é um exercício de resistência", afirmou o diretor artístico Carlo Chatrian.

O festival pode tornar-se uma "catástrofe" se se tornar um "evento super contagioso", criticou o jornal Berliner Morgenpost, enquanto o Die Zeit classificou o evento de "irresponsável".

"Apenas quando os filmes são assistidos pelas pessoas [...] é que essa cultura [cinematográfica] tem todo o seu impacto", afirmou a diretora executiva do evento, Mariette Rissenbeek.

Além do francês Ozon, outros cineastas famosos disputam o Urso de Ouro, como a francesa Claire Denis ("Avec amour et acharnement"), Ursula Meier ("The Line") ou o sul-coreano Hong Sangsoo ("So-Seol-Ga-Ui Yeong-Hwa").

Dezoito filmes estão na mostra oficial, que inclui ainda "Alcarrás", da espanhola Clara Simón, "Un año, una noche", do realizador espanhol Isaki Lacuesta, e "Manto de gemas", da mexicana Natalia López Gallardo.

O italiano Dario Argento, um nome consagrado do cinema de suspense, apresenta "Occhiali Neri", fora de concurso. Ele dirige a filha Asia, que no ano passado revelou num livro o seu traumático início na carreira de atriz.

A Berlinale dá amplo espaço para filmes experimentais e novos nomes, com vários eventos paralelos à mostra oficial.

"Mato seco em chamas", coprodução Brasil e Portugal, dirigido por Adirley Queirós e Joana Pimenta, será exibido na mostra Fórum.