A coprodução portuguesa de animação “Interdito a cães e italianos”, de Alain Ughetto, é apresentada em junho no festival de cinema de Annecy, França, na competição oficial de longas-metragens.
De acordo com a produtora portuguesa Ocidental Filmes, num comunicado hoje divulgado, a nova longa-metragem de animação em ‘stop-motion’ de Alain Ughetto é uma coprodução internacional entre França, Itália, Suíça Bélgica e Portugal.
No ‘site’ oficial do festival, que este ano decorre entre 13 e 18 de junho, é feita apenas referência a França, Itália e Suíça, como países coprodutores do filme.
A Ocidental Filmes, “além de participar nas equipas de animação e ‘compositing’” de “Interdito a cães e italiano”, também “foi responsável pela montagem e pós-produção de som”.
O filme “segue o périplo de Luigi Ughetto, que deixa Itália para descobrir ‘La Merica’, a terra fabulosa onde os dólares crescem nas árvores”. Segundo a produtora, trata-se de “uma comovente história de família, aventura e emigração, que tem como pano de fundo a Itália dos anos 1930”.
Mas este não é o único filme de coprodução ou produção portuguesa integrado na programação do festival de cinema de Annecy.
Este ano fica como um dos raros momentos da história do cinema português em que duas longas-metragens de animação, realizadas por portugueses, estão na seleção oficial – anunciada na segunda-feira - de um dos mais importantes festivais dedicados ao cinema de animação.
De acordo com a organização, na competição oficial de ‘longas’ estará, além de “Interdito a cães e italiano”, “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, e na secção “Contrechamp” estará “Os demónios do meu avô”, de Nuno Beato.
“Nayola” conta com argumento de Virgílio Almeida, a partir de uma peça de teatro de José Eduardo Agualusa e Mia Couto, e a história atravessa três gerações de mulheres, tendo a guerra civil de Angola como pano de fundo.
O filme cruza animação em 2D e 3D, tem produção da Praça Filmes, coprodução com Bélgica, França e Países Baixos, e um orçamento que ultrapassou os três milhões de euros.
Nuno Beato estreará em Annecy a longa-metragem “Os demónios do meu avô”, sobre uma mulher que ruma à aldeia do avô para se reencontrar com o passado familiar.
A história, escrita por Possidónio Cachapa a partir de uma ideia de Nuno Beato, decorre numa aldeia imaginária em Vale do Sarronco, povoada de humanos, animais e seres fantásticos inspirados no universo da ceramista Rosa Ramalho.
O filme é em ‘stop-motion’ com animação de volumes e em animação 2D, é produzido pela Sardinha em Lata e tem coprodução com França e Espanha.
Tanto Nuno Beato como José Miguel Ribeiro - que já trabalharam juntos na Sardinha em Lata - viram estes dois filmes contemplados com um milhão de euros cada, nos programas de apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual.
O 46.º festival de cinema de Annecy decorrerá de 13 a 18 de junho, e a organização já tinha anunciado anteriormente a competição de curtas-metragens, na qual estão os filmes “Garrano”, de David Doutel e Vasco Sá, “O homem do lixo”, de Laura Gonçalves, “Second”, uma obra de escola de André Martins, e a obra em realidade virtual “Affiorare”, de Rossella Schillaci.
No programa “Work in Progress”, de filmes ainda em processo de trabalho, estará a longa-metragem documental “They shot the piano player”, dos espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal, com coprodução de França, Países Baixos e Portugal, através da produtora Animanostra.
A produção de cinema de animação em Portugal é prolífica sobretudo em curtas-metragens, contando ainda com algumas séries de animação, mas são escassas as longas-metragens, por questões de custos de produção e dificuldades de financiamento.
De produção recente contam-se, pelo menos, as 'longas' “Até ao tecto do mundo” (2006) e “O sonho de uma noite de São João” (2005).
“Até ao tecto do mundo” é habitualmente anunciada como a primeira longa-metragem de animação portuguesa, realizada por Carlos Silva, Costa Valente e Vítor Lopes, e produzida no estúdio de animação de Avanca, Aveiro.
“O Sonho de uma noite de S. João” é um filme de Angel De La Cruz e Manolo Gomez, e foi coproduzido entre Portugal e a Galiza, Espanha.
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