A quinta edição da 8 ½ Festa do Cinema Italiano decorrerá de 12 de abril a 13 de maio em Lisboa, Funchal, Coimbra, Guimarães e Porto, exibirá cerca de 20 títulos, inclui uma retrospetiva do realizador Ermanno Olmi e homenagens aos realizadores Paolo Sorrentino e Pietro Marcello, ao coletivo Flatform e ao cantautor Lucio Dalla, falecido no passado dia 01 de março.
Stefano Savio afirmou à Lusa que «a principal preocupação foi apresentar filmes de qualidade, pois a fasquia é muito alta, relativamente a outros festivais de cinema que são apresentados ao público português».
«Não queríamos apenas um mera representação da Itália, e estamos cientes da exigência do público português, que é muito atento e está habituado a bom cinema», disse Savio sublinhando todavia que esta «é uma festa não exclusivamente para cinéfilos».
O diretor da Festa afirmou que um dos objetivos é «demonstrar que o novo cinema italiano tem uma identidade própria, forte e autónoma», destacando os realizadores Paolo Sorrentino e Pietro Marcello, que participarão em algumas sessões, e o coletivo de vídeo-artistas Flatform que junta o cinema experimental com a arquitetura paisagística.
«Uma das principais temáticas» da filmografia, que será apresentada em Portugal, «é a crise de identidade do sistema e do país Itália face aos desafios do mundo globalizante».
Stefano Savio referiu que «politicamente a Itália é um país recente, com 150 anos, apesar da sua cultural milenar, e muito fragmentado culturalmente».
«A Itália é uma cultura fechada em si própria que tem de enfrentar problemáticas como o confronto com o outro ou a imigração», disse Savio.
«Uma das questões mais fortes que emerge dos filmes a apresentar é como um país, com uma tão forte marca católica, enfrenta o problema da imigração - e nem sempre a Igreja Católica tem as respostas», afirmou.
Ermanno Olmi, o cineasta do qual será apresentada uma retrospetiva, «é o realizador da espiritualidade, e como esta ajuda a ter um confronto com o outro, como a Igreja consegue acolher aquele que é diferente de nós».
A escolha Ermanno Olmi, que «merece ser redescoberto», foi tripartida pela organização da Festa, por Guimarães2012 - Capital Europeia da Cultura e pela Cinemateca Portuguesa.
Trata-se de um realizador «artesão», com uma carreira de 50 anos, que desenvolveu a ligação entre o cinema documental e o de ficção.
O cineasta, distinguido com uma Palma de Ouro de Cannes e uma Leão de Ouro de Veneza, apresenta «uma filmografia muito coerente», frisou Savio.
«Um realizador apolítico, que nunca entrou nas questões sociais fortes em Itália, mas produziu uma das obras-primas dos últimos anos da cinematografia italiana, ‘Il primo Uomo’, uma tocante adaptação de uma obra do francês de Albert Camus», salientou.
A 8 ½ Festa do Cinema Italiano acontece de 12 a 19 de abril, em Lisboa, no Cinema Medeia Monumental, no Espaço Nimas, na Cinemateca Portuguesa e no Instituto Italiano de Cultura.
No Funchal, a festa realiza-se nos dias 26 a 29 de abril, no Teatro Municipal Baltazar Dias; em Coimbra, no Teatro Académico Gil Vicente, de 01 a 03 de maio; de 04 a 06 de maio, 8 ½ Festa do Cinema Italiano acontece no Centro de Artes do espetáculo S. Mamede e no Centro Cultural de Vila Flor, em Guimarães; e, no Porto, de 10 a 13 de maio, no Cinema Passos Manuel.
Ao Prémio Oficial Rottapharm – Madaus, atribuído por um conjunto de personalidades portuguesas e italianas ligadas ao mundo das artes, concorrem seis filmes, que serão exibidos na festa, a saber: «Corpo Celeste», de Alice Rohrwacher, «Là bas», de Guido Lombardi, «Il mio domani», de Marina Spada, «Ruggine», de Daniele Gaglianone, «Scialla!», de Francesco Bruni, e «Sete opere di misericordia», da dupla Gianluca e Massimiliano De Serio.
O júri é constituído pela atriz Leonor Silveira, o editor de imagem Roberto Perpignani, e o apresentador televisivo e produtor de conteúdos Lorenzo De Stefani.
8 ½, a Festa do Cinema Italiano, recupera para o seu nome o clássico de Federico Fellini, "8 ½ - Oito e Meio", de 1963.
@Lusa
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