Os projetos não concluídos de Tim Burton encontram um espaço privilegiado numa das salas da exibição dedicada à sua obra, que abre esta semana no Museu Franz Mayer da Cidade do México.
Ao contrário de outras retrospetivas, como a apresentada em 2009 no MoMa de Nova Iorque e em 2011 no Museu de Arte de Los Angeles, a mostra "O Mundo de Tim Burton" incluiu uma sala dedicada às ideias do diretor de "Eduardo Mãos-de-Tesoura" que ficaram na gaveta.
"Esta exibição tem uma relação com os processos criativos e alguns bloqueios que surgem neste período. Verão alguns projetos que terminam como um filme ou movimentos de filmagem que terminam como um desenho ou uma fotografia, mas muitos deles nunca foram completados", explicou Burton em conferência de imprensa.
"A minha ideia é não perder o elemento surpresa que pode ser inspirador. Por exemplo, se um rapaz observar um desenho e pensar que pode fazer algo assim ... Para mim, esta inspiração é o mais importante", completou o realizador e produtor americano, de 59 anos.
Quase 500 desenhos, pinturas, instalações, bonecos e imagens em movimento sobre a arte de Burton integram a mostra, que abre ao público na quarta-feira.
Na sala "Projetos não realizados", os visitantes poderão admirar os esboços de "Trick or Treat", uma obra de 1980 não realizada, na qual Burton incluiu um monstro de doce desenhado por ele e transformado em escultura pelo seu colega de turma na CalArts, Rick Heinrichs.
"Todos os anos dedico algum tempo para tirar do armário projetos que ficaram no papel. Um filme exige muito tempo e esforço, às vezes não há espaço para pensar noutras coisas", disse Burton, que terminou recentemente as filmagens da nova versão de "Dumbo" para a Disney.
A mostra no Museu Franz Mayer reserva um espaço para as influências do diretor, que incluem elementos da cultura mexicana, como a sua paixão pelo personagem El Santo e por caveiras.
O realizador revelou por exemplo que assistia a filmes de terror mexicanos na televisão.
"Para mim, são filmes muito importantes porque são uma referência. Havia um estilo único e imagens que tiveram uma influência importante no meu próprio processo criativo", disse.
O americano disse que desde a infância é inspirado por elementos da cultura popular mexicana.
"O Dia dos Mortos é uma celebração que pode ser vista de um ponto de vista mórbido. No entanto, adorava todos os elementos culturais ao redor porque tinham humor, prazer, vida".
Ao ser questionado sobre a realidade social e política, Burton disse que "é muito difícil criar ficção" nesta época.
"A realidade às vezes vira a fantasia porque não há mais fantasia. Isto é, talvez, o mais complicado na altura de desenvolver os processos criativos", concluiu.
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