Para fazer face à pandemia, a Paramount Pictures vendeu alguns filmes a plataformas de streaming e os analistas acreditam que renderam mais ao estúdio do que teria acontecido se os tivesse lançado nos cinemas.

Com as salas fechadas ou a operar em capacidade limitada, a "estratégia de sobrevivência" passou pela venda à Netflix do potencial candidato aos Óscares de Aaron Sorkin "Os 7 de Chicago" (segundo a imprensa especializada, por 56 milhões de dólares), a animação "SpongeBob: Esponja em Missão", a comédia romântica com Issa Rae e Kumail Nanjiani "Os Pombinhos" e um projeto ainda por filmar com Ryan Reynolds.

Já a Amazon Studios terá pago 125 milhões pela comédia com Eddie Murphy "2 Príncipes em Nova Iorque", a sequela de "Um Príncipe em Nova Iorque" (1988) e, num acordo separado, ficou com "Without Remorse", um "spinoff" da saga Jack Ryan com Michael B. Jordan.

Formalmente, a Paramount nem sequer está a "vender" os filmes, mas sim a fazer acordos de licenciamento para que estes fiquem disponíveis nas plataformas nos próximos cinco a 10 anos por um valor que paga o que custaram e ainda mais dá um lucro entre 15-30%.

Dificilmente o estúdio conseguiria estas margens com o lançamento nos cinemas: com esta estratégia, não tem de partilhar receitas com os cinemas e poupou milhões de dólares em despesas de marketing, além de mitigar os riscos de filmes que, com exceção de "2 Príncipes em Nova Iorque", podiam não ser sucessos de bilheteira garantidos.

Juntando as receitas antes do fecho forçado dos cinemas em março de filmes como "Sonic - O Filme", "Quem É Que Manda Aqui?" e The Rhythm Section", os analistas acreditam que o estúdio arrecadou cerca de 450 milhões e dólares e conseguiu encontrar uma solução para não ter um enorme prejuízo financeiro em 2020.

"Até agora, penso que a Paramount fez um bom trabalho a tirar o melhor proveito de uma situação difícil. Ainda estão a guardar grandes filmes como 'Top Gun: Maverick' e 'Um Lugar Silencioso 2', que precisam que tenham um impacto forte nas bilheteiras, mas encontram uma alternativa para os meses de receita perdida que realmente precisavam depois dos maus resultados no ano passado", explicou o analista Bruce Nash à publicação The Wrap.

Outro analista concorda que se trata de uma decisão acertada para o estúdio que faz entrar algumas receitas nos cofres.

Uma fonte do estúdio adiantou ao The Wrap que a estratégia também evita transferir mais filmes para 2021, que será muito competitivo por causa dos que adiaram deste ano.

Uma fonte da Viacon, proprietária da Paramount, reconhece que existem questões económicas e financeiras por detrás destas decisões, mas rejeita que o estúdio esteja a vender porque não tem alternativa.

"Estamos a gerir um negócio durante uma pandemia", sintetizou.