O realizador Quentin Tarantino e os atores Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Margot Robbie explicaram esta quarta-feira (22) os detalhes da rodagem de "Era uma vez em... Hollywood", que disputa a Palma de Ouro em Cannes.

Por que retomar a trágica história de Sharon Tate?

No filme, Tarantino reserva um papel secundário a Sharon Tate (Margot Robbie), assassinada em 1969 por membros da seita da Família Manson, quando estava grávida do realizador Roman Polanski.

"Decidi que Sharon e Polanski seriam vizinhos de Rick (DiCaprio), primeiro porque isso me permitiria criar um contexto dramático. Sabemos que acontecerá algo nessa rua. Além disso, Sharon e Roman representam uma Hollywood inalcançável para Rick. Isso é algo frequente [em Los Angeles], ver como sucesso e fracasso, glória e queda, convivem. No meu filme, é metafórico e literal", explicou o realizador.

"Sharon era uma atriz encantadora, isso é algo que quis destacar. Nunca quis mostrá-la de outra maneira. Ela poderia ter-se tornado uma intérprete maravilhosa. Se ela não tivesse sido vetada pelos produtores, Polanski tê-la-ia incluído em "A Semente do Diabo" [1968] e Warren Beatty disse-me que esteve quase a ser sua parceira em "Bonnie & Clyde" [1967].

Escrever para Brad, Leo e Al

"Pensei imediatamente em Leonardo e Brad. Eles estariam disponíveis? Achava que não, por isso, considero-me o mais afortunado dos realizadores. Além disso, se tivesse que escolher entre ganhar a segunda Palma de Ouro ou vê-los recompensados com um prémio duplo de interpretação masculina, ficaria com a segunda opção", disse Tarantino.

"Dirigir Al Pacino também foi emocionante. Escrevi especialmente para ele a personagem do produtor Marvin Schwarz. Sonhava ouvi-lo pronunciar as palavras que tinha escrito para ele", salientou.

Recriar Los Angeles

Tarantino decidiu reconstituir Los Angeles de 1969 sem recorrer a efeitos especiais digitais, "exceto para eliminar alguns elementos demasiadamente contemporâneos".

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"Não acho que ninguém conseguirá fazer o que tive a sorte de poder fazer. Em três anos, Los Angeles terá mudado tanto que será necessária uma reconstituição digital", explicou.

"Os momentos mágicos para mim foram quando rodávamos quase no mesmo lugar onde os meus pais viveram quando chegaram a Los Angeles e que Quentin reconstituiu de maneira idêntica", disse DiCaprio.

O olhar de um miúdo

Sobre o tom melancólico do filme, Tarantino acredita que era "a melhor pessoa para explicar essa história".

"Se outro realizador tivesse sido adulto em 1969, tê-la-ia contado de outra maneira. Na época, eu tinha seis anos. Lembro-me de tudo, das transmissões de rádio, das pessoas a ouvir muito alto. As televisões sempre estavam ligadas. Absorvi como uma esponja esse espetáculo diário", disse.

"Para mim, os planos mais impregnados de nostalgia são os de Brad a conduzir pela cidade. O meu padrasto tinha um carro parecido e a maneira como ele [Pitt) vê a cidade é como eu a via desse veículo", salientou.

Quentin pelos seus atores

Pitt: "Dizer que Quentin vive intensamente o cinema é pouco. No estúdio, há a mesma exuberância, a mesma alegria. Ele contou-nos tantas histórias sobre cada um de nossos personagens que tínhamos somente que nos colocar na sua pele".

Robbie: "Mais do que qualquer outro realizador, é o que melhor celebra o género e o subverte".

DiCaprio: "Ele sabe dar espaço ao improviso, apesar dos seus diálogos serem como a Bíblia dos seus filmes. E estar com Quentin é como estar com o funcionário do videoclube do filme 'Clerks' [1994]. Você sabe que encontrará um tesouro desconhecido".

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