Quando Shigeru Miyamoto criou o canalizador há mais de quarenta anos que resgata a princesa, a futura mascote da Nintendo não passava de um monte de pixels sem nome e sotaque italiano.

Porém, esta semana, Mario, uma das personagens mais famosas na história dos videojogos, estreia nos cinemas como protagonista de "Super Mario Bros. O Filme", a nova animação do estúdio Universal Pictures.

"Nem eu imaginava que Mario cresceria tanto", disse Miyamoto à Fracne-Presse.

A produção, que chega aos cinemas após adaptações bem-sucedidas de videojogos como "The Last Of Us", é a segunda tentativa de trazer Mario para o grande ecrã, depois do fracasso de "Super Mario" uma versão em imagem real de 1993 com os atores Bob Hoskins e John Leguizamo.

Naquela época, a Nintendo cedeu a liberdade criativa aos produtores de Hollywood, que desenvolveram uma fantasia distópica ambientada no reino de um dinossauro.

Desta vez, a gigante japonesa tomou a liderança: a Nintendo enviou o próprio Miyamoto para coproduzir o filme juntamente com Chris Meledandri, fundador do estúdio Illumination, que tem sucessos como "Gru, O Maldisposto" e os populares "Mínimos" no seu catálogo.

"Não queríamos apenas abrir mão dos direitos, queríamos participar", explicou Miyamoto.

"E conhecemos o Chris. Deu-nos confiança ter o Chris e a sua equipa a trabalhar connosco", disse.

"Tive certeza de que tínhamos de participar", disse Miyamoto, que afirma que foi a única forma de incorporar com sucesso o verdadeiro espírito do videojogo ao filme.

Foco nas personagens

O resultado é um filme de ação colorido para agradar ao público infantil e provocar nostalgia nos fãs que cresceram com a Nintendo.

De acordo com Miyamoto, a ideia de fazer um filme surgiu de uma grande mudança estratégica adotada pela Nintendo há uma década para tornar os seus jogos "mais focados na personagem".

A "mudança de direção" também levou a Nintendo a abrir recentemente parques temáticos nas cidades de Osaka e Los Angeles, com a promessa de novas atrações.

O "Spielberg" dos videojogos

Chris Pratt e Shigeru Miyamoto

Miyamoto, de 70 anos, que já foi considerado o Steven Spielberg dos videojogos, teve de se ajustar ao seu novo papel como produtor de Hollywood.

"Vejo de tudo, mas nunca pensei que gostaria de fazer um filme", disse.

Foram filmes como "Os Salteadores da Arca Perdida", de Spielberg, que inspiraram os seus videojogos, incluindo o aclamado "The Legend of Zelda".

Polémica

Estrelas de Hollywood como Chris Pratt, Jack Black, Anya Taylor-Joy e Seth Rogen foram escolhidas para dar voz às famosos personagens da Nintendo. Mas o filme já gerou polémica, principalmente por causa do sotaque de Mario.

Ao contrário do sotaque italiano que Mario tem nos videojogos, muitos fãs ficaram surpreendidos no ano passado ao ouvir Pratt retratar a personagem com sotaque americano no trailer.

A explicação para o alegado "descuido" está no enredo do filme e deve acalmar o ceticismo dos espectadores.

O próprio ator sugeriu que o sotaque de Mario (interpretado por Charles Martinet nos videojogos) poderia ser uma distração numa longa-metragem.

TRAILER LEGENDADO.