Quarenta anos após a sua morte, John Wayne continua a ser a estrela de cinema preferida dos americanos nas sondagens, um ícone que personifica os valores da nação.

No entanto, o legado do ator está a ser colocado em causa por causa de uma entrevista controversa de 1971 à revista Playboy recuperada online em que faz declarações racistas e homofóbicas.

Em resposta, há apelos para alterar o nome do Aeroporto John Wayne, que se situa no Condado de Orange.

O ponto de vista também é defendido pelo colunista do próprio jornal Orange County Register.

"O que estava bem em 1978 quando se deu o nome JWA ["John Wayne airport] não está necessariamente bem no mundo de hoje – e talvez nunca devesse ter sido aceitável. E quando conduzo ao pé ou voo do aeroporto John Wayne, um local que a maioria de nós se refere simplesmente como 'JohnWayne', nem sempre penso sobre o ator e as suas declarações sombrias. Mas quando o faço, fico incomodado", escreveu David Whiting num artigo de opinião.

Na entrevista de 1971, uma resposta tem sido especialmente destacada como exemplo do racismo: "Acredito na supremacia branca até que os negros sejam educados para serem responsáveis. Não acredito em dar autoridade e posições de liderança e julgamento a pessoas irresponsáveis".

Como exemplo de "perversão sexual", Wayne avançou o Óscar de Melhor Filme de 1969 com Dustin Hoffman e Jon Voight: "Não concorda que se qualifica o amor maravilhoso daqueles dois homens em 'O Cowboy da Meia-Noite, a história sobre duas bichas?"

Em relação à comunidade nativa, defendeu que "o nosso chamado roubo deste país do que era deles foi apenas uma questão de sobrevivência. Havia um grande número de pessoas que precisavam de novas terras e os índios tentavam egoisticamente mantê-las para eles".

As opiniões na entrevista de 1971 também estiveram na base da rejeição do "Dia John Wayne" em 2016 por parte de legisladores na Califórnia, decisão que um responsável do Partido Republicano descreveu como "ortodoxia do politicamente correto".

David Whiting reconhece que o seu apelo para mudar o nome por causa das opiniões preconceituosas não foi muito bem recebido, mas prefere ver o lado positivo: "Apesar da maioria das centenas de comentários 'online' e por email serem apaixonadamente negativos, também há algumas notas de apoio".

O colunista reconhece que John Wayne "era um homem complicado e controverso" que casou com três mulheres latinas e falava fluentemente castelhano.

Recorda ainda que Ethan, um dos seus filhos, defendeu em março que se devia manter o nome do aeroporto.

"É injusto julgar alguém por algo que foi escrito que ele disse há quase 50 anos, quando a pessoa não está mais aqui para responder. Independentemente da cor, etnicidade ou preferência sexual, o pai ensinou-nos a tratar todas as pessoas da mesma forma, com respeito", avançou a família após a mensagem nas redes sociais de um argumentista sobre a controversa entrevista se ter tornado viral.

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