Jason Momoa tem o aspeto ideal para o papel e, tendo os produtores do filme a intenção de escolher uma cara quase desconhecida, o currículo perfeito para dar corpo à nova versão de «Conan, o Bárbaro». Os dois metros de altura, a tez muito morena e cabelo meio desgrenhado fazem com que pareça a imagem real de um bárbaro fictício. Na televisão notabilizou-se pela participação em
«Stargate Atlantis» ou na versão hawaiana de
«Baywatch» e, mais recentemente, na série
«Game of Thrones».

Agora conseguiu o seu primeiro papel de protagonista no cinema com a recuperação do anti-herói a quem
Arnold Schwarzenegger deu vida há quase trinta anos. O SAPO Cinema sentou-se à conversa com ele num hotel em Londres. Ele preferiu ficar deitado, como se estivesse no sofá de um psiquiatra, mas respondeu a todas as perguntas sobre
«Conan, o Bárbaro».

SAPO Cinema (SC): O Jason foi o escolhido entre cinco outros atores para o papel. Como foi esse processo?

Jason Momoa (JM): Foi o «camera test» mais evoluído de sempre. O
Marcus Nispel [realizador] colocou iluminação em todo o lado. Filmámo-lo na casa do Frank Sinatra, em San Fernando Valley, Los Angeles, o que foi uma loucura. Tivemos de fazer duas cenas, tivemos de agarrar uma espada e representar, já com a maquilhagem colocada e o guarda-roupa vestido.

Levei uma série de coisas, tenho uma coleção enorme. Na verdade tinha espadas, por ter entrado no «Stargate», e acabei por fazer o teste com o meu próprio equipamento.

Consegui o papel por causa do «Game of Thrones». Na série fiz uma espécie de dança de guerra que, vista de perto, é a representação de um homem num pico de raiva. Foi esse momento que fechou o meu contrato para o Conan.

Dito isto, os outros atores que estavam na corrida eram muito diferentes de mim. A escolha era entre cabelos louros e olhos azuis ou moreno havaiano, selvagem, Neanderthal. Acabaram por escolher o Neanderthal.

SC: Qual foi a primeira vez que tomou contacto com a personagem de Conan?

JM: Eu era adolescente e cruzei-me com as gravuras do Frank Frazetta. Os meus pais eram pintores, eu nunca tinha visto quadros como aqueles, como aquele que agora usaram no cartaz do filme. Fala por si, crava-se na nossa memória. A forma como ele capta emoção em cenas de batalha é simplesmente brutal, selvagem. Também acompanhei a banda desenhada, era fã quando era mais novo.

O Conan é o anti-herói, é o homem que não salva damas em apuros. Ele brande a sua espada e logo a seguir está a beber uma caneca de cerveja. É um «self made man», adoro que ele tivesse podido ficar com o trono mas em vez disso se tenha tornado apenas um pirata e um ladrão. Sinto-me honrado por desempenhar o papel.

SC: Qual é o ponto de partida para o filme?

JM: O filme começa com o Conan a descobrir quem é, é uma história sobre as suas origens. Ele nasceu no campo de batalha, provou sangue antes de provar o leite materno, foi criado pelo seu pai e o seu pai foi morto por cinco homens. Encontramos a personagem na altura em que já é um pirata, a andar à deriva, a beber, a divertir-se com mulheres, até que se cruza com um dos assassinos do seu pai. Começa então a tentar localizar aqueles que o mataram e procura redenção na armadura do seu pai. Pelo caminho encontra uma mulher, diverte-se um pouco e depois abandona-a.

SC: O Jason viu os dois filmes anteriores?

JM: Tinha dois anos quando o primeiro filme saiu. Ainda não o vi e não quis mesmo vê-lo para não influenciar o meu desempenho. Não há qualquer tipo de falta de respeito para com o Arnold [Schwarzenegger]. O
John Milius [realizador do primeiro filme] e toda a equipa disseram que eu devia vê-lo mas tomei a decisão de não o fazer porque estava a construir a personagem de raiz…foi para isso que fui contratado.

Tenho a certeza de que quando o Arnold conseguiu o papel também ficou muito entusiasmado e queria que a sua imaginação entrasse no seu processo de pesquisa para o papel. Nós tentámos captar a essência do Conan. Não queria ser influenciado, achei simplesmente que não precisava disso. Vou ver o filme agora, sem dúvida, mas quero esperar para ver o meu primeiro.

SC: O papel de Conan foi aquele que atirou Arnold Schwarzenegger para o estrelato. Acha que pode acontecer o mesmo consigo?

JM: Espero que sim. Ficarei muito desiludido se fizer isto e ninguém gostar. São doze anos de carreira à espera que chegue este momento. Acho que nasci para isto e estou preparado, quero poder escrever e realizar também, estar atrás das câmaras.

SC: Como foi construir a personagem?

JM: Uma das primeiras coisas que fiz para a personagem de Drogo [«Game of Thrones»] e que também me ajudou com o Conan foi ir até ao jardim zoológico e estudar os animais. Estudei os movimentos dos leões e das panteras porque queria que o Conan tivesse a mesma graciosidade e a mesma agilidade que aqueles grandes gatos. Quanto ao treino físico, analisei muitos filmes de samurais, trabalhei com a equipa de duplos, fiz levantamento de pesos e treino com espada. Isso ajudou muito a desenvolver os meus movimentos.

Nunca tinha verdadeiramente empunhado uma espada antes e por isso foi muito interessante. Já tinha trabalhado com espadas no «Stargate» mas nunca desta forma. Sou bastante atlético e ser alguém que pratica muitos desportos ajuda.

SC: O tamanho físico foi uma questão importante durante a sua preparação?

JM: Diziam-me «precisas de ficar grande, precisas de ficar grande» e eu dizia «contrataram-me com quatro semanas de antecedência, estou a fazer o melhor que posso». Aumentei o máximo que pude em quatro semanas, ganhei quase dez quilos, o que é muito músculo.

SC: O filme baseia-se nos livros, na banda desenhada ou nos filmes anteriores?

JM: Não é um remake, querem que seja um novo começo, querem que se reinvente o franchise. Estão a ir buscar tudo à essência do Conan porque estão a reunir vários pedaços de várias histórias, das melhores de todas.

SC: Qual vai ser a classificação etária para o filme? Seria possível ser para maiores de 13?

JM: Seria impossível. Será R-Rated [menores de 17 anos apenas podem entrar acompanhados por um adulto], sem dúvida. A violência é uma das coisas mais marcantes das histórias. Sem ofensa para os que não gostam de gore, mas é um filme do Conan. Este tipo é apenas um bárbaro, não havia forma de o tornar para maiores de 13. Estou contente por não ser um filme da Disney. Ser aquela personagem e não poder fazer algumas coisas…assim podemos fazer o que quisermos. Foi divertido não ter limitações, se as tivéssemos os fãs teriam gerado um tumulto.

SC: Os fãs do Conan são uma comunidade muito atenta. Já teve oportunidade de ter algum contacto com eles?

JM: Tive algum feedback dos fãs e alguns diziam «este tipo do Baywatch, ele não consegue fazer isto». Fui constantemente colocado em causa mas é sempre bom poder provar o contrário. Quando estava a fazer isto senti verdadeiramente que era o Conan. As cenas, os cenários, as lutas… não há hipótese, os fãs vão adorar. Acho que quero dar aos fãs algo que eles ainda não sabem que vão ter. Não estou aqui para ser como o Arnold, não estou aqui para refazer algo que já foi feito. É uma interpretação diferente, na verdade um pouco com o James Bond. Há apenas um
Sean Connery. O
Daniel Craig é um Bond fantástico mas não vai imitar o Sean Connery.

SC: É verdade que já está a ser escrita uma sequela para o filme, apesar de ele ainda não ter estreado?

JM: Se há o
«Velocidade Furiosa 5», tenho a certeza que vai haver mais do que um Conan. Tenho a certeza de que haverá uma sequela porque vivi a experiência e sei que o filme é algo de especial.

SC: Se tivesse de convencer os espectadores mais céticos a ir ver «Conan, o Bárbaro», o que diria?

JM: É melhor irem ver o filme ou vou até vossa casa com a minha espada e obrigo-vos a ir vê-lo. Toda a gente fez um trabalho espantoso, é um ótimo filme de ação e aventura, não vejo como não possam ter vontade de o ver.

«Conan, o Bárbaro» estreia em Portugal a 25 de Agosto.

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