"Emancipação": Will Smith regressa com "filme muito difícil de fazer" sobre traumas da escravatura

Antoine Fuqua já tinha um grande desafio ao dirigir "Emancipation", um filme sobre a brutalidade da escravatura ambientado numa zona pantanosa da Louisiana. Mas o facto de o ator principal, Will Smith, ter agredido Chris Rock na cerimónia da mais recente edição dos Óscares trouxe um desafio inesperado.

Apesar das especulações de que a Apple adiaria a estreia, o filme chega aos cinemas norte-americanos este fim de semana e à plataforma de streaming Apple TV+ na próxima sexta-feira, 9 de dezembro. O medo de um boicote prevalece.

"Claro que me preocupa", disse Fuqua à AFP.

“Will Smith tem sido, para todos nós, um homem de bem há 37 anos”, disse o realizador de "Dia de Treino".

"Espero que tenhamos mais compaixão nos nossos corações para, pelo menos, ver o seu trabalho, porque sua atuação no filme foi assombrosa. Todos fizeram um bom trabalho", elogia.

"Emancipation" é inspirado na história de um homem negro que enfrentou enormes obstáculos para escapar da escravatura durante a Guerra Civil Americana, no século XIX.

Peter (Will Smith) tornou-se um símbolo dos horrores da escravatura depois de uma fotografia das suas costas nuas, com cicatrizes atrozes das chicotadas em plantações de algodão, ter chegado a todo o mundo.

Pouco se sabe desse homem, que Smith interpreta em uma difícil fuga de traficantes de escravos sádicos, atravessando os pântanos da Louisiana, infestados de jacarés e cobras, para conquistar a liberdade para ele e para a sua família.

A produção foi filmada nos pântanos do Louisiana.

"Um filme muito difícil de fazer", reconheceu Smith na passada quarta-feira, na estreia mundial em Los Angeles.

A sua interpretação recebeu elogios, mas os críticos debatem se é muito cedo para um regresso, apenas oito meses após a agressão na cerimónia de gala dos Óscares.

Smith, de 54 anos, renunciou à Academia depois de ter dado uma bofetada em Chris Rock no palco, reagindo à piada feita pelo comediante sobre a queda de cabelo da sua mulher, Jada Pinkett Smith.

Will Smith fala da bofetada nos Óscares no programa de Trevor Noah

Após o ataque, a Academia vetou a presença de Smith na cerimónia dos Óscares durante uma década, embora isso não o impeça de ser nomeado e ganhar uma estatueta.

Na tentativa de reabilitar a sua imagem, o ator pediu desculpa nas redes sociais e, numa recente aparição no talk show de Trevor Noah, disse que estava "a passar por algumas coisas naquela noite" e "perdeu o controlo".

Fuqua não tem meias-palavras sobre o ataque: "Foi errado". Mas acrescentou: "Will é um bom homem. Eu apoio-o".

"Estive com ele ao longo de alguns anos. Estive com ele nos pântanos, e ele não reclamou uma única vez", completou.