O realizador dissidente iraniano Mohammad Rasoulof foi condenado a oito anos de prisão (dos quais cinco efetivos), flagelação, multa e confisco de bens, anunciou o seu advogado na quarta-feira.
“O principal motivo da emissão desta sentença é a assinatura de declarações e a realização de filmes e documentários. Na opinião do tribunal, estas ações foram exemplos de conluio com a intenção de cometer um crime contra a segurança do país”, escreveu Babak Paknia na rede social X (antigo Twitter).
Os meios de comunicação oficiais iranianos ainda não divulgaram qualquer informação sobre a sentença.
Rasoulof, de 52 anos, ganhou em 2020 o Urso de Ouro, o maior prémio do Festival de Cinema de Berlim, com o seu filme anti-pena capital “O Mal Não Existe”. Já "Lerd" (2017) abordava outro tema controverso, a corrupção e a injustiça na sociedade do seu país.
Foi detido em julho de 2022 por apoiar os protestos que eclodiram no Irão após o desabamento de um prédio no sudoeste do país, que deixou mais de 40 mortos.
Naquela ocasião, um grupo de cineastas iranianos reunidos por Rasoulof pediu, numa carta aberta, que as forças de segurança "deponham as armas" diante da indignação popular contra "a corrupção" e "a incompetência" dos líderes.
Foi libertado no final de 2023, após terem diminuído gradualmente os protestos antigovernamentais que começaram em setembro de 2022.
Na semana passada, Paknia informou que o seu cliente, atores e membros da equipa foram pressionados pelas autoridades para retirar o novo filme "The Seed of the Sacred Fig" (“A Semente do Figo Sagrado”, em tradução literal) da competição do Festival de Cinema de Cannes, que começa no dia 14. Alguns estão proibidos de deixar o país.
Tanto o tema do filme como o seu elenco permanecem oficialmente em segredo.
Ir ao Festival de Cinema de Cannes tornou-se cada vez mais difícil para realizadores e atores iranianos nos últimos anos.
O realizador Saeed Roustaee, por exemplo, foi condenado a seis meses de prisão por exibir o seu filme “Os Irmãos de Leila” na edição de 2022.
As autoridades da República Islâmica alegaram que o filme foi exibido sem autorização.
A sua protagonista, Taraneh Alidoosti, foi libertada no início de 2023 depois de passar quase três semanas na prisão por apoiar o movimento de protesto desencadeado pela morte de Mahsa Amini em setembro de 2022, depois de ter sido presa por alegado incumprimento do rigoroso código de vestuário de mulheres no país.
Há muito tempo que o Irão tem um próspero movimento cinematográfica e conquistou prémios em todo o mundo, com figuras de destaque como Jafar Panahi e Asghar Farhadi.
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