A Competição Nacional no IndieLisboa prossegue com um retorno à casa.

O realizador André Valentim Almeida passou pelo festival em 2012 com “From New York with Love”. Por estas alturas o seu estilo documental muito pessoal, com inserções filosóficas e música à mistura, dava conta da sua vida na cidade norte-americana e um forte traço crítico em relação à sua terra natal.

A equação mudou: “Dia 32” traz um cineasta, novamente a operar um cunho autobiográfico, a comemorar o facto de “estar novamente em casa”. Depois de encaixotar os livros, aguardam-no as “selfies” turísticas do Cabo da Roca e as imensidões açorianas…

Mas não só: fascinado com as ideias de apocalipse, André inventou uma “arca de imagens” para um visitante de outro mundo vê-las no futuro. Da fúria dos elementos a uma visita aos sobrinhos nas ilhas, a ideia tem um fundo existencial, cosmogónico, onde nascimentos intercalam-se com as desgraças. O que encontraria neste mundo de mortais um extraterrestre?

“Road movie” dos pobres

“Arábia”, na Competição Internacional, até pode ser classificado como um “road movie”, mas muito pouco romântico e afeito a descobertas à “on the road”. Antes tem um fundo mais “dark” e regista as andanças de trabalhadores pobres no interior do Brasil.

Os cineastas Affonso Uchoa e João Dumans, respetivamente realizador e coargumentista de “A Vizinhança do Tigre (2014), expandem os horizontes do filme que os colocou no mapa do cinema de autor: o primeiro radiografava as vicissitudes de jovens de um bairro da cidade de Contagem; em “Arábia”, pequenas histórias surgem, aqui e ali, pelos locais onde passa Cristiano (Aristides de Souza) em busca de uma vida melhor.

Mais que tudo, “Arábia” é um mergulho no universo do trabalho – da precariedade dos contratos, da agonia sindical e, principalmente, da estagnação existencial causada pelo automatismo da fábrica e da rotina.

Mais um filme brasileiro chegado após escala em Roterdão.

Música e terror

O IndieMusic e a Boca do Inferno estão entre as secções com maior número de títulos. No caso do primeiro, o destaque é “Oasis: Supersonic”, obra que conta a história dos irmãos Gallagher (e dos demais, de vez em quando…) a partir dos anos 90, quando iniciaram a trajetória de uma banda que se tornaria tão famosa pela música quanto pelas atribulações públicas dos referidos manos…

De resto, o sábado à noite traz para os boémios a grande oportunidade da Maratona da Boca do Inferno, às portas do Bairro Alto, no Cinema Ideal. As entradas são a qualquer hora a partir da meia-noite; quem ainda estiver bem de saúde pode encarar “Grave/Raw” a partir das 4h…

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