Com filmes nacionais ou inspirados na vida ativa do país, vive-se num bom momento no cinema mexicano dentro e fora das suas fronteiras.

Por exemplo com "Emilia Peréz", realizado pelo francês Jacques Audiard e filmado em castelhano, ambientado em grande parte na Cidade do México.

Com mais de um milhão de bilhetes vendidos desde agosto, o filme mergulha na história de um traficante de drogas que se arrepende da sua vida criminosa após mudar de sexo, interpretado pela atriz transgénero espanhola Karla Sofía Gascón.

O musical mistura vários géneros, como é habitual em Audiard, e inclui uma coreografia memorável da advogada de Emília Pérez, interpretada por Zoe Saldaña, que denuncia abertamente a alegada corrupção das elites mexicanas.

Já nos cinemas portugueses, a produção de Audiard, que ganhou dois prémios no Festival de Cannes, foi selecionado para representar a França na categoria do Óscar de Melhor Filme Internacional e aspira a muitas outras nomeações, que serão conhecidas a 17 de janeiro.

O filho do sicário

"Sujo"

Outro filme marcante da recente produção do México é “Sujo”, que representa a candidatura do país aos grandes prémios de Hollywood. É produzido pela Pimienta Film, que já foi premiada em Hollywood com “Roma”, de Alfonso Cuarón.

“'Sujo' é a história de um miúdo órfão de traficantes de drogas que perde o seu pai assassino ainda muito jovem”, explicou a correalizadora Astrid Rondero à agência France-Presse (AFP).

Depois de crescer numa área sitiada pelo crime organizado, Sujo tenta mudar de vida procurando refúgio na capital.

Distribuído na França e noutros países como Sujo - Hijo de Sicario" ("Filho do Sicário", em tradução literal), não tem estreia confirmada em Portugal.

“O que me fascinou desde o início foi poder falar de uma criança que procurava enfrentar o que parecia ser um destino inevitável”, explica a outra correalizadora, Fernanda Valadez, para quem saber dizer adeus também significa crescer.

Para o argumento, as duas cineastas formadas pela Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM, onde se passa a última parte do filme) inspiraram-se nos livros de Javier Valdez, jornalista de Sinaloa (nordeste do México), reconhecido internacionalmente.

Valdez, fundador da revista Ríodoce, foi assassinado a 17 de maio de 2017 pelo crime organizado. Foi correspondente do La Jornada e da AFP.