Após anos de segredo, chegaram a público algumas das ideias que George Lucas tinha para uma nova trilogia "Star Wars" e foram rejeitadas pela Disney.

Em 2012, George Lucas vendeu "Star Wars" e todo o espólio do seu império Lucasfilm ao estúdio por quatro mil milhões de dólares.

Apesar disso, também passou as suas ideias para a terceira trilogia, mas a Disney e o realizador J.J. Abrams optaram por começar do zero para o que viria a ser o Episódio VII, "Star Wars: O Despertar da Força".

Numa célebre entrevista antes da estreia do Episódio VIII, "Os Últimos Jedi" (2017), Mark Hamill, o eterno Luke Skywalker, lamentou que a Disney tivesse decidido ignorar o homem que criou "Star Wars".

"O que desejava é que tivessem sido mais recetivos à sua orientação e conselhos. Porque ele tinha um esboço para o 'VII','VIII' e 'IX'. E é bastante diferente do que eles têm feito", explicou.

George Lucas com o realizador J.J. Abrams na antestreia de 'O Despertar da Força'.

Após as referências vagas a "ideias", "orientação" e "conselhos", os planos foram parcialmente desvendados num novo livro da Taschen chamado "The Star Wars Archives 1999-2005" ["Os Arquivos Star Wars 1999-2005", em tradução literal].

Nas rede sociais, o autor Paul Duncan faz a maior revelação: George Lucas tinha a intenção de trazer de volta Darth Maul, o vilão de "Episódio I: A Ameaça Fantasma" (1999), e torná-lo o principal antagonista ao lado de Darth Talon (da banda desenhada "Star Wars: Legacy").

"Maul tornava-se o Padrinho do crime no universo porque, com a queda do Império, ele ocupava o espaço", contou Lucas ao autor, acrescentando que Darth Talon seria o Darth Vader da terceira trilogia.

Darth Maul foi cortado ao meio por Obi-Wan Kenobi no epílogo do Episódio I, mas não morreu, como mostraram as séries de animação "Star Wars: The Clone Wars" e "Star Wars Rebels" (esta narrativa adicional com o crivo de Lucas foi considerada canónica para os fãs até que, em abril de 2014, foi anunciado que deixava de contar para a cronologia oficial para não limitar a criação dos futuros filmes da saga).

Ao contrário do que aconteceu na trilogia que chegou ao cinema, Leia Organa (Carrie Fisher) também teria um grande papel na reconstrução da República após a queda do Império em "Episódio VI: O Regresso de Jedi" (1983) e acabava por tornar o Supremo Chanceler e a verdadeira "Escolhida".

Já Luke Skywalker estaria concentrado na reconstrução e reorganização da Ordem Jedi com os sobreviventes que se tinham escondido após a Ordem 66, a conspiração de Palpatine com Darth Vander que praticamente destruiu os Jedis durante o "Episódio III - A Vingança dos Sith" (2005).

Há quatro anos, George Lucas compareceu à antestreia de "O Despertar da Força"e saudou os fãs, mas o máximo que conseguiram arrancar-lhe é que era um "filme retro", numa referência implícita à proximidade temática que tinha com o original "A Guerra das Estrelas" (o Episódio IV), de 1977.

Foi preciso esperar pelo livro de memórias de Bob Iger, CEO da Disney, para saber mais.

Em "The Ride of a Lifetime: Lessons Learned from 15 Years as CEO of the Walt Disney Company", Bob Iger conta que "mesmo antes da estreia global, a Kathy [Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm] mostrou 'O Despertar da Força' ao George. Ele não escondeu a sua desilusão. 'Não há nada de novo', disse. Em cada um dos filmes da trilogia original, era importante para ele apresentar novos mundos, novas histórias, novas personagens e novas tecnologias. Neste, disse, 'Não há saltos suficientes visuais ou técnicos em frente'".