Uma organização ativista norte-americana contra a problemática representação de asiáticos em filmes, jornais e rádios, apelou ao boicote de prémios para "Licorice Pizza", o novo filme de Paul Thomas Anderson (PTA).

Com estreia em Portugal marcada para esta quinta-feira e já com os prémios de Melhor Filme e Realização da National Board of Review, a mais antiga organização norte-americana a distribuir prémios anuais de cinema, "Licorice Pizza" está na lista dos principais favoritos para as nomeações dos Óscares.

O filme retrata o primeiro amor de personagens interpretadas por Cooper Hoffman (filho do falecido ator Philip Seymour Hoffman) e Alana Haim (da banda rock Haim), na década de 1970 no Vale de São Fernando, no noroeste de Los Angeles, que os fãs de PTA reconhecerão como a zona onde este cresceu e situou vários dos seus trabalhos.

Mas a 'Media Action Network for Asian Americans' (MANAA) condena as cenas entre o dono branco de um restaurante e a sua esposa japonesa, em que ele fala com um falso sotaque asiático considerado racista. Mais tarde, repete o comportamento com a sua nova esposa, também japonesa.

"A MANAA espera mostrar que regar com elogios um filme como ‘Licorice Pizza’ é tolerar o racismo anti-asiático e passar a mensagem de que o racismo no cinema é aceitável, desde que os asiáticos sejam as vítimas. Infelizmente, essas atitudes traduzem-se e perpetuam o ódio anti-asiático que vemos no mundo à nossa volta", disse um porta-voz da organização ao TheWrap.

Novo filme de Paul Thomas Anderson criticado por ter personagem com comportamento racista
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“As cenas ridículas de ‘Licorice Pizza’, que se passa em 1973, não avançam o enredo de forma nenhuma e são incluídas simplesmente para humor gratuito, reforçando a noção de que os asiático-americanos são 'menos do que' e eternamente estrangeiros”, destaca a organização.

As duas cenas já tinham sido criticadas por figuras públicas americanas de ascendência asiática e críticos de cinema em novembro.

Indiretamente, Paul Thomas Anderson respondeu a estas críticas numa entrevista ao jornal The New York Times quando o jornalista lhe disse que o sotaque era "tão ofensivo que o público na minha sessão se engasgou".

"Acho que seria um erro contar um filme de época através dos olhos de 2021. Não se pode ter uma bola de cristal, tem que ser honesto com aquela época. Aliás, não que isso não fosse acontecer agora. A minha sogra é japonesa e o meu sogro é branco, portanto é frequente ver as pessoas falarem inglês com ela com sotaque japonês. Acho que elas nem se apercebem que estão a fazer isso", indicou.

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