
John Williams festeja esta quarta-feira 91 anos e... desistiu de meter os papéis para a reforma.
O lendário compositor americano escreveu muitas peças de concerto, uma sinfonia e até o hino dos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984, além de ter sido durante muitos anos o maestro da Boston Pops Orchestra, mas o seu nome é principalmente associado à composição de bandas sonoras de alguns dos maiores filmes da história do cinema.
A sua gigantesca influência é reconhecida pelos seus pares: como recordou o American Film Institute ao anunciar a atribuição de um prémio pela carreira em 2015, "John Williams escreveu a banda sonora para as nossas vidas. Nota a nota, através de acordos e coros, o seu génio para casar música com filmes elevou a forma de arte para níveis sinfónicos e inspirou gerações de espectadores a serem enriquecidas pela magia dos filmes".
O seu nome é também indissociável da carreira de Steven Spielberg, a quem se mantém fiel mesmo depois de diminuir o ritmo de trabalho este século: apenas não trabalharam juntos em "A Cor Púrpura" (1985), que teve música de Quincy Jones; "A Ponte dos Espiões" (2015), onde Thomas Newman assumiu o seu lugar por causa de um ligeiro problema de saúde; e a nova versão de "West Side Story" (2021), que manteve a música de Leonard Bernstein e para onde sugeriu pessoalmente ao realizador David Newman para tratar dos arranjos e Gustavo Dudamel para conduzir a orquestra.
Nomeado 53 vezes para os Óscares, ficando apenas atrás de Walt Disney, recebeu ainda 25 Grammys, a distinção máxima na música americana.
A mais recente nomeação para a estatueta dourada é por "Os Fabelmans", o filme semi-autobiográfico sobre a infância de Spielberg, que o levará a 12 de março à cerimónia dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, onde ganhou pelas bandas sonoras de "Um Violino no Telhado" (1971, adaptação), "Tubarão" (1975), "A Guerra das Estrelas"(1977), "E. T. - o Extra-Terrestre" (1982) e "A Lista de Schindler" (1993).
Além de todos os episódios oficiais "Star Wars" (1977-2019), "Indiana Jones" (1981-2008) e os três primeiros de "Harry Potter" (2001-2004), na carreira estão outros importantes títulos seis décadas do cinema mundial: "O Vale das Bonecas" (1967), "A Aventura do Poseidon" (1972), "A Torre do Inferno" (1974), "Asfalto Quente" (1974), "Intriga em Família" (1976), "Encontros Imediatos do 3º Grau" (1977), "Domingo Negro" (1977), "Super-Homem" (1978), "A Fúria" (1978), "Os Salteadores da Arca Perdida" (1981) e as sequelas, "O Turista Acidental" (1988), "Nascido a 4 de Julho" (1989), "Sozinho em Casa" (1990), "Presumível Inocente" (1990), "JFK" (1991), "Parque Jurássico" (1993), "Sete Anos no Tibete" (1997), "O Resgate do Soldado Ryan (1998), "A.I. Inteligência Artificial" (2001), "Relatório Minoritário" (2002), "Guerra dos Mundos" (2005), "Munique (2005) e "Lincoln" (2012).
Para 30 de junho, está prometido o regresso para a banda sonora de "Indiana Jones e o Marcador do Destino", que, afinal, não será a sua despedida do cinema, ao contrário do que anunciara em junho do ano passado.
Em janeiro último, ao participar num evento com Spielberg, revelou que mudou de ideias: "Vou ficar por aqui durante algum tempo. Não me posso reformar da música. Um dia sem música é um erro".
Uma das razões para o recuo é precisamente a colaboração com o realizador, que inclui 29 filmes nos últimos 47 anos: "Uma coisa é que o Steven não é uma pessoa a que se possa dizer não".
Ao seu lado, o realizador, que vai produzir um documentário sobre o compositor, riu e disse que estava a descobrir naquele momento "que ele não se vai reformar" e que o melhor era decidir o que vai fazer a seguir para se certificar que tem algo para ele trabalhar.
E Williams recordou que o próprio pai de Spielberg trabalhou na fundação Shoah "até aos 101 ou 102 anos".
"Tenho dez anos pela frente", brincou, exprimindo o desejo de igualar essa produtividade e ética de trabalho duradoiro.
Comentários