O Festival de Berlim começa a sua 69ª edição esta quinta-feira com a maior seleção de realizadoras da sua história na disputa pelo Urso de Ouro.
Uma das mais aguardadas é a espanhola Isabel Coixet, com "Elisa y Marcela", filme que conta a história do primeiro casamento homossexual registado na Espanha. Além disso, a produção é a primeira da plataforma destreaming Netflix a disputar o Urso de Ouro.
Além de Coixet, outras seis realizadoras foram selecionadas pela Berlinale para a competição oficial, de um total de 17 cineastas, ou seja 41%, um recorde para o evento e uma percentagem muito maior que a registado na última edição do Festival de Cannes (14%).
O vencedor do Urso de Ouro será anunciado em 16 de fevereiro. No ano passado, a romena Adina Pintilie venceu a competição com "Touch me not".
Binoche no júri
A passadeira vermelha da Berlinale, o mais político e socialmente comprometido dos festivais europeus, receberá Christian Bale, Diane Kruger, Tilda Swinton, Catherine Deneuve, Jonah Hill, Chiwetel Ejiofor e Casey Affleck, além de Juliette Binoche, presidente do júri.
A atriz francesa, à frente de outros cinco jurados, incluindo o cineasta chileno Sebastián Lelio, celebrou a forte presença feminina.
"Muitos homens não percebem que as mulheres tiveram que ficar na segunda fila durante gerações", disse Binoche numa entrevista à revista alemã Der Spiegel.
O diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, "garantiu que selecionou bons filmes, não porque foram dirigidos por mulheres", completou.
A longa-metragem "The kindness of strangers", dirigido pela dinamarquesa Lone Scherfig, abre o festival esta quinta-feira. Rodado em Nova Iorque, o filme mostra uma mulher (Zoe Kazan) que tem dois filhos e depende da ajuda de amigos para seguir em frente.
Outro filme muito aguardado é "Grace à Dieu", do francês François Ozon, sobre a história real de um padre processado na França por ter abusado sexualmente de crianças.
Pessoas exploradas no trabalho e o avanço do extremismo são alguns dos temas recorrentes no programa da Berlinale, que inclui 400 filmes de todo o mundo.
A presença portuguesa
Os filmes "A Portuguesa", de Rita Azevedo Gomes, e "Serpentário", de Carlos Conceição, vão ser exibidos no âmbito do programa paralelo "Fórum", que apresenta uma escolha de 39 filmes que "tentam experimentar, assumem uma posição e recusam comprometer-se", notava a nota de imprensa a dar conta da participação.
"A Portuguesa" é um filme de época que adapta um conto de Robert Musil, com argumento de Agustina Bessa-Luís e de Rita Azevedo Gomes, e interpretação de Clara Riedenstein.
"Serpentário" é a primeira longa-metragem de Carlos Conceição, sobre "um rapaz que vagueia por uma paisagem africana pós-catástrofe, em busca do fantasma da sua mãe".
O filme assinala ainda a estreia da produtora Mirabilis, de António Gonçalves e do próprio realizador.
Já "Past Perfect", de Jorge Jácome, foi selecionado para a competição de curtas-metragens, a mesma secção onde, nos últimos sete anos, o cinema português foi premiado por três vezes, com filmes de João Salaviza, Leonor Teles e Diogo Costa Amarante.
Deriva da peça de teatro "Antes", de Pedro Penim, na qual Jácome tinha trabalhado a componente visual. O realizador reescreveu o texto original, adaptando-o às suas interrogações pessoais e ao contexto cinematográfico.
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