James Gunn tem uma das trajetórias mais estranhas de Hollywood dos últimos dez anos: escolhido pela Marvel para escrever e realizar o primeiro"Guardiões da Galáxia" em setembro de 2012, tornou-se dois anos depois no obreiro do sucesso mais inesperado de todos os filmes do Universo Cinematográfico.

Até por adaptar aquelas que, de longe, eram as personagens menos conhecidas, a injeção de frescura, energia, irreverência e humor que deu ao "Volume 1" foi de tal forma contagiante que o filme conquistou até os mais imperdíveis detratores da Marvel e se tornou um dos mais elogiados e adorados de todos.

O sucesso continuou com a sequela em 2017, mas o trajeto descarrilou quando foi despedido em julho de 2018 pela Disney por causa de piadas controversas publicadas no Twitter entre 2008 e 2011 sobre temas como a violação e pedofilia, mas também o 11 de setembro, a Sida e o Holocausto.

Mas Gunn não entrou numa lista negra de Hollywood: "transferiu-se" logo em outubro para a rival DC, com carta branca para fazer o que quisesse, acabando por fazer  uma nova versão de "O Esquadrão Suicida" e a série "Peacemaker".

Em março de 2019, a Disney voltou a contratá-lo para fazer o terceiro filme, mas a maior reviravolta surgiu no final de outubro de 2022, quando foi anunciado que seria, com o produtor Peter Safran, um dos principais responsáveis criativos pelos filmes da DC Comics (um papel equivalente ao que Kevin Feige tem na Marvel).

Desde então e até esta semana, Gunn está na peculiar posição de ainda ter um pé em cada Universo Cinematográfico: conciliar a posição de presidente executivo na DC Studios com a pós-produção e a seguir um papel central na promoção global de "Guardiões da Galáxia: Volume 3".

"Não é estranho. Não é nada estranho, não para mim. Percebo o aspeto que tem, mas estou simplesmente ocupado porque trabalho em dois empregos ao mesmo tempo. Mas não é estranho", disse o realizador numa entrevista ao lado de Chris Pratt a Kevin Polowy, da Yahoo Entertainment.

Gunn também garantiu que é exagerada a rivalidade que se cria à volta dos dois estúdios, Marvel (da Disney) e DC (da Warner Bros.)

"As pessoas têm essa estranha convicção de que Marvel e a DC se odeiam ou de alguma forma são polos opostos. Mas isso não é verdade. Isto é, o nosso trabalho é o mesmo. Queremos levar as pessoas aos cinemas para ver filmes... isso é o que importa. E acho que trabalhamos juntos para fazer isso. E quanto mais bons filmes existiram da Marvel, melhor para os filmes da DC. Quanto mais bons filmes da DC, melhor para os filmes da Marvel", defendeu.

"Não há apenas um vencedor. Podem existir dois porque interessa quem vai ver os teus filmes e quem gosta deles", resumiu.