"Bestia", a curta-metragem chilena de 15 minutos, baseia-se na vida de Ingrid Olderöck (1944-2001), uma agente da ditadura de Augusto Pinochet que se dedicou a "violar a alma" das mulheres, torturando-as sexualmente com cães treinados, explicou à France-Presse o seu realizador, Hugo Covarrubias.

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Com a nomeação na categoria de Melhor Curta de Animação, "Bestia" é a décima terceira produção chilena a alcançar esse patamar em Hollywood.

Antes disso, ganhou o festival de Clermont-Ferrand, o mais relevante em curtas-metragens; o Festival Internacional de Animação de Annecy e o Festival Internacional de Cinema de Guadalajara.

Quem foi Ingrid Olderöck?

Ela foi uma pessoa que encarnou o mal e reinou no Chile durante a ditadura. Ela é um elemento que trabalhou para as esferas de poder da ditadura. Como mulher, realizou uma tarefa que era treinar mulheres para torturar mulheres. Uma pessoa que se dedica a violar almas como ela obviamente deve ter tido a sua alma violada a certa altura. Olderöck tinha muitos desvios mentais, era uma mulher muito paranoica, cheia de traumas que constantemente tentava validar-se.

Qual é o papel do cão de Olderöck na curta-metragem?

Na curta, um dos aspetos que queríamos abordar é a relação íntima com o cão dela. Ela tinha três cachorros, mas na curta 'dramatizamos' essa parte porque queríamos mostrar o cão mais importante, o Volodia, e pouco a pouco é revelado o que ela faz com o cão. Na realidade, o que ela fez foi treinar cães para cometer tortura, principalmente para violar mulheres.

Porque decidiu filmar no formato 'stop-motion'?

Trabalho nesta técnica desde 2005, basicamente é o que sei fazer. Gostamos porque há uma componente plástico, manual e analógico que nos permite gerar mundos que seriam muito difíceis de criar digitalmente. Utilizamos escalas miniaturas feitas de papelão e personagens de 25 centímetros feitos de aço articulado, tecido e poliuretano.

Porque acha que "Bestia" conseguiu conquistar o público fora do Chile?

"Bestia" destaca-se pelo tema, pela estética, pela forma como esse tema político é trabalhado. Também pelo género, um 'thriller' psicológico e político que acabou por ser uma curta bem diferente das demais, que não termina com um final feliz; nesse sentido também é diferente do resto, é bastante crua e poderosa.

O que significa para si uma nomeação aos Óscares?

Ser nomeado ao Óscar é muito importante porque dá mais credibilidade ao seu filme e obviamente abre portas para uma carreira como realizador de cinema e para a equipa. Mas o mais importante é o assunto que está a ser comentando e as pessoas que sofreram esse tipo de assédio.

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