João Nunes Monteiro foi selecionado para o programa europeu “Shooting Stars”, com outros nove talentos europeus, que estarão em contacto com profissionais da indústria cinematográfica.

“Não há cenas para preparar, texto para decorar. É tentar estar o mais confortável e o mais próximo de mim possível. […] Haverá uma espécie de ‘speed dating’ com diretores de ‘casting’ e com realizadores”, disse João Nunes Monteiro, sem expectativas sobre o que retirará da experiência.

O programa "Shooting Stars" culminará com a atribuição de um prémio a cada um dos dez intérpretes selecionados.

O ator, que nasceu no Porto em 1993, chegará a Berlim acompanhado de elogios à prestação nos filmes “Diários de Otsoga”, “Mosquito”, que protagonizou, e “Aristides de Sousa Mendes”, onde se estreou, ainda adolescente.

João Nunes Monteiro recorda que estava ainda a estudar representação quando desempenhou o primeiro papel profissional em 2011, uma pequena participação no filme de João Correa e Francisco Manso, sobre o antigo cônsul de Bordéus.

Na altura, o ator estava no curso profissional de interpretação da Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto, depois de um impasse sobre o que fazer nos estudos.

“Achei que ator, como sou do Porto, era uma coisa distante para mim, que não aconteceria, como é que isso se faz. Tinha de fazer uma escolha, não era mau aluno, mas não sabia o que queria. Atirei-me de cabeça”, recordou.

Desse tempo inicial de aprendizagem, recorda-se de ter ido ao teatro com o pai ver “A Dúvida”, peça encenada por Ana Luísa Guimarães.

“Saí a achar aquilo incrível, a ouvir os estalidos dos projetores, não sei se no segundo, no terceiro balcão. [...] E quando entrei na escola fiquei apaixonadíssimo por estar em palco”, contou.

João Nunes Monteiro soma pouco mais de uma década enquanto ator. Já fez cinema, teatro, ficção televisiva e atualmente integra o elenco da telenovela “Quero é viver”, na TVI.

Em teatro já trabalhou, por exemplo, nos espetáculos “Margem”, de Victor Hugo Pontes, e “Fake”, de Miguel Fragata e Inês Barahona, e em televisão entrou nas telenovelas “Ouro Verde” e “Jardins Proibidos”, bem como na série “Até que a vida nos separe”.

No cinema, João Nunes Monteiro entrou em “Cartas de Guerra”, de Ivo Ferreira, “Technoboss”, de João Nicolau, “Soldado Milhões”, de Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa. “Mosquito”, de João Nuno Pinto, valeu-lhe em 2021 o prémio Sophia de melhor ator.

Este ano, João Nunes Monteiro voltará a representar as peças “Fake” e “Margem” e terá nos cinemas o filme “Salgueiro Maia – O implicado”, de Sérgio Graciano.

Em formato televisivo, estrearão as séries “A Rainha e a Bastarda” e “Emília”, assim como o telefilme “A hora dos Lobos”, de Maria João Luís.

Grande parte destas produções foram já feitas em contexto de pandemia. Aliás, “Diários de Otsoga”, de Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes, é um dos exemplos, até pela própria narrativa, do que tem sido trabalhar em tempos pandémicos.

“É toda uma agenda a lápis, não sabermos se as coisas vão realmente acontecer ou se vão ser adiadas, nunca se sabe quem é que poderá estar positivo, qual é a altura mais segura para o fazer. É um trabalho que não dá para ser em teletrabalho, tem de ser presencial. Mas depois há o prazer, quando acontece as pessoas estarem juntas, é ótimo”, resumiu.

O programa “Shooting Stars” está previsto de 11 a 14 de fevereiro, em paralelo ao festival de Berlim.

É uma iniciativa do European Film Promotion, com apoio do programa Europa Criativa, da União Europeia.

Em anos anteriores, o “Shooting Stars” deu a conhecer, por exemplo, Alba Baptista (2021), Afonso Pimentel (2007), Nuno Lopes (2006), Ângelo Torres (2004), Rita Durão e Francisco Nascimento (2000), Diogo Infante e Ana Moreira (1999) e Beatriz Batarda (1998).