Margarida Gil, presidente da Associação Portuguesa de Realizadores, afirmou à Lusa que representantes de diferentes áreas do setor do cinema vão pedir uma audiência urgente ao secretário de Estado da Cultura (SEC) porque não obtiveram todas as respostas que queriam no encontro que decorreu em dezembro.

Há várias questões em cima da mesa, nomeadamente a proposta de lei do cinema, a ausência de calendário de concursos do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) e a paralisia do Fundo de Financiamento do setor (FICA).

«Temos bastantes propostas que não tivemos tempo de mostrar», disse Margarida Gil, reafirmando que o setor não foi ouvido na elaboração da proposta de lei do cinema.

Em causa está a produção de cinema português para os próximos anos, uma vez que o plano de concursos do ICA está neste momento suspenso.

«O cinema não pode parar. 2011 foi um ano muito importante para o cinema português. Atingimos o culminar com estreias, exibições em festivais lá fora e em prémios», disse à Lusa o produtor
Paulo Trancoso.

O prolongamento desta paralisação do setor - até que a proposta legislativa do governo seja aprovada e entre em vigor - irá atrasar a produção de cinema para os próximo anos.

«Estamos numa altura muito importante e se tiram o tapete ao cinema português isso é um crime. A Europa está a reforçar os apoios ao cinema e se aqui isso não acontece. É inaceitável», disse.

Fonte oficial da secretaria de Estado da Cultura (SEC) disse hoje à Lusa que a proposta de lei para o cinema está concluída e entrará em discussão pública em fevereiro, assim como a regulamentação a ela associada.

Todo o setor está dependente da aprovação do diploma porque interfere com modelos de financiamento, atribuição de subsídios e funcionamento de organismos e mecanismos da tutela.

Implicados na nova lei do cinema estão o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), que tem um orçamento anual com verbas provenientes das taxas de exibição das televisões, e o Fundo de Financiamento do Cinema e do Audiovisual (FICA), que tem cerca de 23 milhões de euros congelados.

@Lusa