Corria o ano de 1960 quando Henrique Galvão assinou, em nome de Humberto Delgado, um acordo de parceria com os espanhóis Sottomayor e Velo. O plano era derrotar o regime ditatorial de Salazar; o alvo, um navio que passava ao largo do mar das Caraíbas.

Nascia assim o
DRIL – Directório Revolucionário Ibérico de Libertação, que tinha como divisa "Liberdade, Justiça ou Morte".

Fazer cair o governo de Salazar era o grande objectivo de Henrique Galvão, que em 1961 assaltou o paquete Santa Maria com a intenção de o desviar para Luanda. Durante cerca de 14 dias o navio esteve sob o sequestro de Galvão e Sottomayor, que se rebelaram contra um regime que outrora apoiavam.

O assalto ao Santa Maria coincide com o assalto a prisões políticas angolanas em Luanda, feito a 4 de Fevereiro de 1961, havendo por isso um sinal, na altura, de que o Regime estava por um fio.

Henrique Galvão, exilado em Caracas, aliou-se a Camilo Mortágua, jornalista e técnico de radiodifusão, e a grupos de exilados espanhóis que também lutavam contra a ditadura de Franco. Actualmente, todos eles são considerados grupos pioneiros da resistência.

O assalto ao paquete foi um acto de bravura, "demonstrou muita coragem e até alguma ingenuidade, havia uma ideia quimérica de conseguir levar o navio até Luanda", explicou ao SAPO
Francisco Manso, realizador de «Assalto ao Santa Maria», que estreia esta semana em Portugal.

Quase 50 anos depois, o realizador passou para a tela o feito de que muitos portugueses se orgulham até hoje, muito embora não tenha tido o sucesso que os seus autores almejavam.

A ideia inicial do realizador não pôde ser concretizada – gravar parte do filme em Angola, "por falta de financiamento ficou-se por Lisboa". Ainda assim, depois da obra feita, Francisco Manso gostaria de o apresentar no país e perceber qual a reacção dos angolanos ao ver um filme que relata parte do início da história da libertação.

«Assalto ao Santa Maria» estreia em Portugal a 23 de Setembro.

Mayra Fernandes