A primeira parte de "Napoleão", do realizador francês Abel Gance, obra lendária do cinema mudo, será exibida em maio no Festival de Cannes, numa versão que gera grande expectativa entre os cinéfilos de todo o mundo após um trabalho de restauro de mais de 15 anos.

Um século depois da rodagem, esta primeira parte, com 3 horas e 40 minutos de duração, será apresentada na abertura dos Clássicos de Cannes, secção do Festival dedicada a grandes filmes restaurados e documentários sobre a história do cinema, informaram os organizadores.

"Napoleão" é uma obra de género impossível de classificar, reverenciada por cinéfilos e cineastas como Francis Ford Coppola, que também foi selecionado para competir em Cannes com o seu filme "Megalópolis".

As equipas responsáveis ​​pelo restauro, organizadas pela Cinemateca Francesa, recuperaram cerca de 100 quilómetros de bobines de filmes espalhados por Nova Iorque, Itália, Dinamarca e vários outros países para reconstituir uma versão que se pretende fiel ao original.

A primeira parte fala da juventude de Napoleão (1769-1821) até o início da campanha italiana (em 1796). Estreou em 1927 e causou sensação pelo tom épico e pelas inovações visuais e narrativas, como a técnica do tríptico, em que três imagens filmadas separadamente são projetadas simultaneamente.

A restauração exigiu um orçamento estimado entre 2 e 2,5 milhões de euros.

O papel do jovem revolucionário nascido na Córsega e futuro imperador que agitaria a Europa é interpretado pelo ator Albert Dieudonné.

O elenco incluía o poeta surrealista Antonin Artaud no papel de Jean Paul Marat, uma das figuras-chave da Revolução Francesa.

Depois de Cannes, "Napoleão" será exibido na íntegra (7 horas de duração) num "excecional cinema-concerto sinfónico, com 250 músicos da Radio France", nos dias 4 e 5 de julho em Paris, no Festival de Radio France de Montpellier e na Cinemateca Francesa, bem como em vários festivais de verão.

Posteriormente, será lançado nos cinemas e será incorporado às propostas da Netflix, informou um comunicado dos organizadores.