Em Paris, depois de três semanas de promoção intensiva por todo o mundo, o ator falou connosco sobre o peso de dar corpo a uma personagem tão icónica e sobre a sua carreira...e desenhou durante todo o tempo, para se acalmar.

Depois de dois filmes a interpretá-lo, hoje, compreende melhor o Homem-Aranha?

Andrew: Não sei se melhor é a expressão mais adequada. Talvez o entenda mais profundamente, de forma diferente. A minha visão dele mudou e sinto-me muito grato por poder entendê-lo de outra forma. Agora, ele é muito mais do que um ícone para mim, é de carne e osso. Percebo muito melhor porque é que ele significa tanto para mim e para muitas pessoas.

Sendo um fã da banda desenhada desde muito novo, ainda é estranho para si ver-se dentro do uniforme?

Andrew: Claro que sim. Nunca me vou habituar mas acho que o Peter (Parker) também nunca se habitua. Acho que, neste filme, ele começa a gostar de estar na pele do Homem-Aranha, de ser quem é, e começa a não se inibir de usar as suas capacidades, os seus poderes. Acho que a minha experiência ao fazer este filme foi semelhante. Se o Peter se pode divertir, decidi que eu também podia.

Que parte do sentido de humor do Andrew está na personagem?

Andrew: Acho que está, em medidas iguais, o meu, o do argumentista e o do realizador. Atirámos tudo o que achávamos que fazia sentido para o monte e, a beleza disto, é que a melhor piada ganha sempre. E não importa qual é, desde que faça sentido no mundo do Homem-Aranha. Ele é muito infantil e brincalhão mas também muito espirituoso, tenta meter-se com os seus adversários, tenta frustrá-los, como faria o Bugs Bunny.

Não acha que o seu Peter Parker pode ser demasiado cool para o que o Peter Parker deveria ser?

Andrew: Não acho que ele seja, de todo. Acho que ele está em conflito com a sua existência, como todas as versões do Peter Parker estão. Sim, ele tem o amor de uma mulher muito bonita mas não é preciso ser-se
cool para isso. Acho que às vezes até ajuda não se ser
cool. Acho que o é que realmente cool nele é a sua vulnerabilidade e a empatia e compaixão que têm pelas pessoas e o facto de querer fazer a coisa certa.

Qual é a qualidade que mais aprecia na Gwen Stacy?

Andrew: Acho que a Gwen está a seguir o seu próprio caminho, tal como o Peter, que é o mesmo que eu desejo aos meus amigos e à minha família. É isso que mais admiro nas pessoas, que elas conduzam o seu próprio destino, que, quando estão a seguir o seu caminho, não importa que lhes atirem tomates ou as tentem desviar, elas continuem a seguir em frente. É isso que a Gwen faz.

Há cada vez mais super-heróis americanos a serem interpretados por atores britânicos...

Andrew: Deixem ver...quem são? Sou eu, o Henry Cavill, o Christian Bale...Os americanos são o Downey Jr. (Robert), o Mark Rufallo, o Chris Evans... Também há australianos, o Hugh Jackman, o Chris Hemsworth. Na verdade, somos só três (risos). Acho que é só uma questão de escolher os atores certos para o papel.

Entre o primeiro e o segundo «Homem-Aranha» esteve na Broadway com «A Morte de um Caixeiro Viajante». Foi uma decisão estratégica, passar pelo teatro entre blockbusters?

Andrew: Não foi uma decisão consciente, a de não fazer um filme. O Arthur Miller (autor de «A Morte de um Caixeiro Viajante) é o meu dramaturgo preferido. O Philip Seymour Hoffman (que também participou na peça) era um dos meus atores preferidos e uma das minhas pessoas preferidas. Entrar nessa peça com ele, o resto do elenco e o Mike Nichols a encenar foi um sonho. Calhou ter esse tempo livre e senti que era a decisão certa, não foi nada calculado.

O filme que fez a sua carreira dar um salto é um filme sobre social media («A Rede Social») mas, se tivesse de adivinhar, diria que não gosta muito de partilhar coisas sobre a sua vida privada em público. Pode dizer-se que há aí uma ligação à função que a máscara do Homem-Aranha tem...

Andrew: O anonimato é algo de muito poderoso mas já não existe na nossa sociedade. Podemos ser famosos clicando um botão, é o que o Andy Warhol previu. É nesse ponto que estamos.

Tenho os meus amigos e a minha família e tento estar sempre em contacto com eles, mas não gosto da ideia de estar permanentemente contactável. Gosto muito de poder estar indisponível porque esse é um estado muito natural do qual acho que nos esquecemos. Hoje em dia, as pessoas esperam que estejamos sempre disponíveis e isso deixa-me nervoso.

Gosto de ter tempo para estar em sossego, especialmente quando estamos a fazer coisas como esta em que temos de responder a muitas perguntas e estamos permanentemente com pessoas. Aliás, desculpem estar a fazer isto (referindo-se ao facto de estar a desenhar numa folha desde o início da entrevista), mas preciso disto para me acalmar e conseguir dar-vos as melhores respostas. Não quero parecer indelicado.

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