O vídeo do anúncio das nomeações para os Óscares não engana: foi uma surpresa para muitos a presença de Ana de Armas na corrida a Melhor Atriz pelo controverso filme de Andrew Dominik que reimagina o ícone que é Marilyn Monroe.

Na contagem decrescente para a cerimónia de 12 de março, a atriz cubana reconhece que é difícil de lidar com as críticas negativas à produção da Netflix, mas destacou que a reação nos Festivais de Veneza ou San Sebastián "foi muito mais agradável" do que nos EUA.

"Claro que a reação que recebe muito mais atenção é a dos EUA, mas essa não foi a experiência toda. É complicado ouvir essas reações, mas podemos sempre voltar à experiência que tivemos, e porque foi que o fizemos, e as razões que nos atraíram para o projeto. Isso não vai mudar. Temos um realizador e temos outros atores com quem podemos sempre falar", disse numa entrevista à revista The Hollywood Reporter.

"Por muito difícil que seja ouvir quando as pessoas não gostam do nosso filme, é o que é. Não foi um filme que tenha sido feito para agradar às pessoas ou para as pessoas gostarem dele. É um filme difícil de ver", defendeu.

Blonde

Ver um ícone do cinema através de acontecimentos como o aborto ou ataques sexuais pareceu "como um filme de terror" quando leu o argumento "chocante" pela primeira vez, reconheceu.

"Acho que uma coisa que me ajudou foi não ser norte-americana. Toda esta informação que as pessoas têm da Marilyn, apenas têm uma narrativa muito especifica sobre a sua vida e quem ela era. Eu não tinha isso tudo. [‘Blonde’] é uma maneira chocante de contar o seu lado da história. Achei que era realmente interessante e verdadeiro", destacou.

"Vi filmes antes sobre a Marilyn e sempre me pareceram ter o mesmo tom — repetitivo, seguindo as coisas que já sabemos sobre ela como uma estrela de cinema. Essa intimidade, esse lado privado e profundo dela na sua psicologia, ou trauma, que é o que 'Blonde' é, era o que estava a faltar para mim. Quando li ['Blonde'], fiquei tipo 'Ah, é isto. O que estou a ler faz sentido para alguém cuja vida terminou de forma muito trágica, tão cedo' — faltavam peças", recordou.

Ana de Armas também não concorda que o filme desrespeite a memória de Marilyn Monroe: "Não acho de todo que o filme fale mal dela. Acho que é o oposto. Acho que fala mal do ambiente e da indústria, e às vezes é um comprimido difícil de engolir para outras pessoas no ramo".

De facto, a atriz acha que isso pesou em algumas críticas negativas: "Acho que o filme faz com que o público se sinta participante. Contribuímos na época, e ainda contribuímos, para a exploração dos atores, das pessoas na esfera pública. Nós, o público, fazemos isso. E acho que é possível que algumas pessoas tenham sentido que [alguém] lhes estava a apontar o dedo".

TRAILER "BLONDE".