Lançado no cinema com apenas 15 anos em "Alex Rider - Operação Stormbreaker", Alex Pettyfer parecia ter um futuro promissor quando foi escolhido para ser o protagonista de "Sou o Número Quatro", produzido por Steven Spielberg e Michael Bay.

No entanto, vários comportamentos  fizeram-no ganhar uma reputação extremamente negativa dentro da indústria que o quis tornar uma estrela: a de ser um narcisista fora de controlo, temperamental, imaturo e refilão.

Convidado no mais recente podcast do escritor Bret Easton Ellis ("As Regras da Atracção", "Psicopata Americano"), o ator foi bastante sincero a falar sobre a natureza comercial e pragmática do negócio da indústria cinematográfica e as dificuldades que enfrentou com a mesma, admitindo que cometeu muitos erros.

Salientando as grandes dificuldades que sentiu para conseguir separar as vidas profissional e pessoal, onde estava cheio de problemas, e a falta de maturidade para lidar com a fama e falta de respeito, bem com a ausência de uma boa base de apoio familiar a partir dos 15 anos, Alex Pettyfer reconheceu comportamentos menos corretos, ainda que defendendo que não aconteceram nas rodagens, mas durante a fase de promoção.

Quando Bret Easton Ellis citou vários exemplos, Pettyfer especificou quais as histórias pessoais negativas que foram distorcidas pela comunicação social da área de entretenimento, mas também as que eram mesmo verdadeiras, nomeadamente sobre a relação com Channing Tatum, com quem trabalhou no sucesso de 2012 "Magic Mike".

"É verdade", respondeu sobre as notícias de que não se entenderam. "Porque ele não gosta de mim e por muitas razões [e] muitas são por minha culpa."

O ator de 25 anos elaborou, indicando que Tatum, que escrevera e financiara o filme, não estava logo à partida convencido com o seu envolvimento por causa da má reputação e teve de ser convencido pelo realizador Steven Soderbergh: "Channing é um extraordinário e inteligente homem de negócios. Encarou-me como um risco."

Durante a rodagem, dominado pela falta de confiança, Pettyfer colocou-se de parte, o que foi mal interpretado pelos colegas.

"Tinha medo de falar. De facto, fiz o meu trabalho e sentava no canto e ouvia música porque os meus representantes me tinham dito que tudo o que fazia estava errado. Era muito inseguro como ser humano. Isso também me deu uma má reputação porque todos ficaram como 'O Alex não fala porque acha que é melhor do que toda a gente.' Não é verdade. Eu estava sempre nervoso e assustado para ser eu próprio. Estava na personagem."

No entanto, a gota de água na relação entre os dois aconteceu quando não pagou um mês de renda de um apartamento que era de um amigo de Tatum, onde estava com a antiga namorada.

Alegando que deixaram o local por ele não conseguir respirar por ser bastante alérgico ao que acreditava ser mofo e poeira, foi-lhe pedido o pagamento completo, que esqueceu por causa da morte de um primo.

"De repente, recebo um email muito negativo do Channing - com toda a justiça - a dizer 'Não f**** os meus amigos. Deves dinheiro. Paga a porra do dinheiro. Não sejas um palhaço.' E eu reagi mal, o que não devia ter acontecido, e respondi a dizer 'Estou num mau momento mentalmente e podes respeitar-me por um momento e blá, blá, blá. E estava a ser perseguido neste momento de luto por dinheiro", explicou.

"No final disto, acabei por dizer 'Que se f****, o que é o dinheiro quando a vida é muito mais. Não vou pagar.' E devia ter pago. Acho que ele estava só à procura de uma desculpa para não gostar de mim", acrescentou.

Quando os dois se reencontraram mais tarde para rodar novas cenas para completar "Magic Mike", o estrago estava feito: Tatum já tinha feito constar a toda a gente que não gostava dele.

"O que o Channing diz é a regra. Ele é uma estrela de cinema. Tomei decisões erradas", reconheceu.

Na conversa com Bret Easton Ellis, Pettyfer não teve oportunidade de confirmar as notícias de que queria muito ter entrado na sequela "Magic Mike XXL", que o escritor descreveu como "abismal" e a sorte que teve ao evitar, mas mostrou-se grato com as lições que retirou da experiência.

"O Channing foi realmente uma influência incrível em mim após ter acontecido toda esta situação. De certa forma, foi o fim da minha imaturidade [...]  e Soderbergh também foi uma enorme parte disso e devo a minha vida a esse homem. Foi uma experiência incrível fazer  'Magic Mike'. Não a substituiria por nada."

Veja o trailer de "Magic Mike".