Julia Roberts prestou duas homenagens a Roger Michell, o realizador de "Notting Hill", cuja morte foi anunciada na quinta-feira, aos 65 anos.

Na comédia romântica de 1999, Julia Roberts interpretava a norte-americana Anna Scott, a estrela de cinema mais famosa do mundo, que se apaixonava por William Thacker (Hugh Grant), o dono de uma livraria sem grande sucesso de Portobello Road em Notting Hill, um dos bairros mais conhecidos de Londres.

Nas redes sociais, a atriz partilhou uma fotografia do cineasta da altura da rodagem, acompanhada da mensagem "Adorei cada minuto que passámos juntos".

Ao declaração exclusiva ao E!, acrescentou que Roger Michell "era um homem tão amável e gentil. Tinha sempre um sorriso doce no rosto e uma dica perfeita de direção para partilhar. Estou tão contente por ter tido uma oportunidade tão fantástica de trabalhar com ele", acrescentou, apresentando as suas condolências aos quatro filhos do realizador, "as verdadeiras luzes da sua vida".

Sem causa de morte revelada oficialmente, o jornal britânico The Guardian" avançava que a "morte aparentemente súbita de Michell, uma pessoa universalmente apreciada, foi recebida com um choque na indústria".

Há três semanas, o realizador falava de um novo documentário enquanto exibia no festival de cinema de Telluride (EUA) o seu último filme, "The Duke", com Jim Broadbent e Helen Mirren, apresentado inicialmente no Festival de Veneza de 2020 com grande aclamação mas cuja estreia nos cinemas foi adiada para o começo de 2022 por causa da pandemia.

Nascido na África do Sul, mas educado na Grã-Bretanha, Roger Michell começou a carreira no teatro, como assistente de direção no Royal Court Theatre, em Londres, e foi depois diretor da Royal Shakespeare Company.

O trabalho na adaptação de "Persuasão", de Jane Austen, para um telefilme da BBC em 1995, chamou a atenção do produtor e argumentista Richard Curtis ("Quatro Casamentos e Um Funeral"), que o convidou para realizar "Nothing Hill", que é incontestavelmente o seu trabalho mais popular.

O sucesso abriu-lhe as portas de Hollywood e o primeiro trabalho foi o muito elogiado drama "Manobra Perigosa" (2002), com Ben Affleck e Samuel L. Jackson, mas posteriormente decidiu por razões pessoais trabalhar principalmente na Grã-Bretanha.

Manobra Perigosa

Seguiram-se dois filmes também aclamados com Daniel Craig na fase pré-James Bond, "A Mãe" (2003), uma das várias colaborações que teria com o escritor e dramaturgo Hanif Kureishi, e "O Fardo do Amor" (2004), este último a adaptação de um romance de Ian McEwan.

O realizador chegou a estar em negociações para dirigir o segundo título de Craig na saga, "007 - Quantum of Solace" (2008), mas a insatisfação com o argumento levou-o a abandonar o projeto (o filme é geralmente considerado o mais fraco dos quatro já conhecidos com o ator e um dos piores da saga).

Após dirigir "Venus" (2006), o derradeiro filme de Peter O´Toole, não teve resultados tão bons com o regresso às comédias românticas num filme de Hollywood, "Manhãs Gloriosas" (2010), com Rachel McAdams, Harrison Ford e Diane Keaton, nem com o drama "Hyde Park em Hudson" (2012), com Bill Murray e Laura Linney, mas regressou à melhor forma com "Fim-de-Semana em Paris" (2013), com Lindsay Duncan e Jim Broadbent, novamente colaborando com Hanif Kureishi.

Os seus filmes mais recentes antes do inédito "The Duke" foram o muito elogiado "My Cousin Rachel" (2017), com Rachel Weisz (esposa de Daniel Craig) e Sam Claflin, e "Blackbird - A Despedida" (2019), com Kate Winslet e Susan Sarandon.