Uma das grandes surpresas das nomeações aos Óscares foi a inclusão na categoria de Melhor Canção de «Alone Yet Not Alone», o tema principal do filme com o mesmo título, praticamente desconhecido do público mais alargado. Outra grande surpresa acaba de surgir com o anúncio de que a Academia de Ciências e Artes de Hollywood iria desqualificar a canção, uma medida de punição raríssima no historial da organização.
Os motivos para a decisão prendem-se com o facto de Bruce Broughton, compositor do tema, ex-governador da Academia e membro do comité executivo do ramo da música na organização, ter enviado e-mails a outros membros do mesmo ramo para chamar a atenção para o seu tema durante o período de votações às nomeações de Melhor Canção, em clara violação das regras.
Em comunicado, Cheryl Boone Isaacs, presidente da Academia, afirmou que «independentemente do quão bem intencionadas fossem as razões do contacto, usar a própria posição como ex-governador e atual membro do comité executivo para promover pessoalmente a própria submissão ao Óscar cria a imagem de uma vantagem injusta».
Em entrevista à «Entertainment Weekly» logo a seguir às nomeações, Broughton afirmara que «o que se passa é que o ramo da música coloca todas as canções num disco e eu estava preocupado que esta canção fosse muito fácil de não chamar a atenção. Por isso, sim, eu escrevi a algumas pessoas e disse «Podem dar uma vista de olhos?». Essa foi literalmente a extensão da campanha. Eu recebi no mail canções de outros filmes e CDs gravados. Nós não fizemos nada disso».
Ficam assim na corrida ao Óscar de Melhor Canção apenas quatro temas: «Happy», de
«Gru - O Maldisposto 2», «Let It Go», de
«Frozen - O Reino do Gelo», «The Moon Song» de
«Her - Uma História de Amor» e «Ordinary Love» de
«Mandela: Longo Caminho para a Liberdade».
Esta é apenas a sexta vez na história da Academia que um nomeado é desqualificado. As anteriores foram «Tuba Atlantic», nomeado ao troféu de Melhor Curta-Metragem em 2011, por ter sido exibido na televisão norueguesa antes da exibição em cinema; «A Place in the World», nomeado pelo Uruguai ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1992, por ter sido quase totalmente produzido na Argentina; a banda sonora original de Nino Rota para «O Padrinho» em 1972, pelo facto do compositor já ter usado parte do tema numa comédia italiana de 1958; «Young Americans», nomeado e vencedor do Melhor Documentário de Longa-Metragem em 1968, por ter sido exibido antes das datas regulamentadas para a submissão do filme ao prémio; e «Stout Hearts and Willing Hands», nomeado ao Óscar de Melhor Curta de Humor na edição referente a 1931/32, mas depois desqualificado sem que haja hoje documentação que explique as razões.
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