"A Mulher Rei" conquistou o primeiro lugar das bilheteiras nos EUA.

O filme protagonizado por Viola Davis arrecadou 19 milhões de dólares no fim de semana de estreia, ultrapassando as previsões: o estúdio Sony Pictures avançou com 12 milhões e os próprios analistas apontavam para 15 a 18 milhões.

Com um orçamento de 50 milhões de dólares, sem incluir as despesas de marketing e distribuição, “A Mulher Rei” conta a história das mulheres guerreiras de Dahomey - hoje Benin - no século XIX, é em muitos sentidos um passo no sentido do desconhecido para um grande estúdio de Hollywood, com a realizadora negra Gina Prince-Bythewood e um elenco maioritariamente negro e feminino.

Depois dos grandes elogios dos críticos e a boa estreia comercial, a aposta nas bilheteiras pode ser ganha nas próximas semanas já que recebeu a cobiçada classificação máxima A+ nos inquéritos aos espectadores nos cinemas.

A estreia em Portugal está marcada para 6 de outubro.

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A nível internacional, o filme que dominou foi a comédia romântica "Bilhete Para o Paraíso", com Julia Roberts e George Clooney, com uns mais modestos 12,1 milhões de dólares, mas ainda por estrear em muitos países (e nos EUA apenas chega a 21 de outubro).

Em Portugal, onde a dimensão do mercado não permite que o maior balanço do sucesso seja em euros, a comédia romântica liderou com grande destaque a lista dos mais vistos, com 43.830 espectadores, desalojando finalmente para o segundo lugar "Curral de Moinas - Os Banqueiros do Povo", que foi visto por mais 8.606 espectadores ao sexto fim de semana (e um total de 275.236).

Se "A Mulher Rei" fracassar, acabam super produções com atrizes negras

Viola Davis e John Boyega

Em declarações à France-Presse antes da estreia, Viola Davis, vencedora de um Óscar, afirmou que o futuro do cinema de grande orçamento com presença de atrizes negras em Hollywood estava em jogo com a estreia do épico “A Mulher Rei”, em que interpreta uma guerreira africana.

A única mulher afro-americana a vencer um Óscar, um Emmy e um Tony dizia sentir uma pressão intensa e emoções mistas, pois sabe que a sua atuação nesta longa-metragem será julgada de uma forma que os filmes com realizadores e elenco brancos não são.

“Antes de tudo, o filme tem que fazer dinheiro. E sinto-me dividida quanto a isso, porque só temos uma ou duas oportunidades”, dizia.

“Se não gerar dinheiro, então isso significa sobretudo que mulheres negras, mulheres negras de pele escura, não podem protagonizar um sucesso mundial de bilheteira?”, questionava em voz alta.

“É isso, ponto. E agora, eles usam dados para isso, porque ‘A Mulher Rei’ fez A, B e C. E é isso que me deixa em conflito”, esclarece.

“Porque simplesmente não é verdade. Não fazemos isso com filmes brancos. Se um filme fracassa, você faz outro filme, e faz outro filme da mesma maneira”, garantia.

Viola Davis passou seis anos tentar tirar "A Mulher Rei" do papel, com estúdios e produtores reticentes em fazer a aposta.

A atriz interpreta a guerreira veterana Nanisca, que treinou uma nova geração para defender-se de um reino rival mais forte e dos escravistas europeus.

O exército feminino do reino de Dahomey serviu como inspiração para as guerreiras de elite de "Black Panther" (2018), que arrecadou 1,3 mil milhões de dólares globalmente.

Davis pediu ao público amante do cinema que provasse que filmes como “A Mulher Rei” podem fazer sucesso sem que façam parte de uma franquia de super-heróis.

“Estamos todos juntos nisso, não é? Sabemos que precisamos de uns aos outros. Sabemos que estamos todos comprometidos com a inclusão e a diversidade”, dizia a artista.

“Então, se pode gastar o seu dinheiro para ver ‘Avatar’, se pode gastar o seu dinheiro para ver ‘Titanic’, então também pode gastá-lo para ver ‘A Mulher Rei’”, acrescentava.

“Porque é assim: nem sequer é que se trata só do protagonismo de mulheres negras, a relevância cultural disso. É um filme muito divertido. E se de facto somos iguais, então desafio-vos a provar”, declarou.

Mas a atriz também revelava que as cenas de fortes batalhas despertaram críticas e misoginia entre a comunidade negra.

“Inclusive na comunidade negra há pessoas dizendo ‘Ah, essas mulheres de pele escura, por que elas têm que ser tão masculinas? Por que não podem ser mais bonitas? Por que não pode ser uma comédia romântica?'”, apontou.

“Pois bem, se este filme não fizer dinheiro a 16 de setembro - e eu estou 150% certa de que fará - mas se não fizer, adivinhem: não nos verão mais”, afirmou.

“Essa é a verdade. Queria que fosse diferente”, concluía.