"A metamorfose dos pássaros" é a primeira longa-metragem de Catarina Vasconcelos e teve a estreia mundial em fevereiro de 2020 no Festival de Cinema de Berlim, o primeiro de mais de 60 festivais internacionais por onde passou e conquistou vários prémios.

A distribuição em Portugal esteve por duas vezes adiada por causa de sucessivos confinamentos em tempos de pandemia, mas o filme estreia-se agora nos cinemas, num formato que pretende chegar a vários públicos da geografia nacional.

"Quando falamos em estreia queremos é que o filme chegue às pessoas, aos vários públicos que achamos que o filme tem. Quisemos assumir a distribuição também em Portugal porque conhecemos muito bem o filme", afirmou à agência Lusa Ana Isabel Strindberg, responsável pela distribuição e venda a nível internacional, e que assegura também a distribuição em Portugal.

Catarina Vasconcelos

Segundo a distribuidora, "A metamorfose dos pássaros" foi em 2020 "o filme português com mais presenças em festivais em todo o mundo e o mais premiado", tendo sido reconhecido, em particular, com distinções de público de vários países, também da crítica e com prémios de melhor filme, melhor documentário e melhor realização.

Ana Isabel Strindberg acredita que o filme de Catarina Vasconcelos fará um bom percurso nos cinemas portugueses, mas sublinha que não basta pôr um filme numa sala de cinema.

"É preciso fazer um trabalho de comunicação e junto dos vários públicos que podem ver e gostar deste filme", disse.

O filme estrear-se-á nos grandes centros urbanos, como Lisboa, Porto, Coimbra e Braga, mas também chegará, por exemplo, a localidades como Tavira, Penafiel, Montemor-o-Novo e Amarante.

"Vai fazer esse percurso nas zonas do país onde não encontrou distribuição comercial. Vai ser mostrado em sessões especiais, através dos auditórios municipais, dos cineclubes, que muito ajudam os filmes portugueses a encontrarem o seu público. E a Catarina vai fazer uma 'tournée' cinematográfica para apresentar o filme e falar com o público", explicou Ana Isabel Strindberg.

Entre a ficção e o documentário, "A metamorfose dos pássaros" convoca os laços familiares de um pai e uma filha - a realizadora -, resgatando o passado que os une, através da relação dos avós paternos de Catarina Vasconcelos e em particular da avó Beatriz, que nunca conheceu.

O filme parte das memórias de infância e juventude de vários membros da família, mas Catarina Vasconcelos preenche alguns espaços narrativos com ficção e com um imaginário estético que conjuga pintura, fotografia, composições encenadas, cheias de simbolismos.

"Eu queria que [o filme] fosse sobre esta família, mas que pudesse falar com outras pessoas. (….) O tempo que ele demora é quase o tempo que eu demoro a conseguir sair de mim para chegar aos outros. Consegui libertar-me da minha família e do medo de inventar sobre eles, para poder inventar à vontade. Isso foi muito importante", contou à agência Lusa quando o filme passou no festival de Berlim, onde recebeu o Prémio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), da secção Encounters/Encontros.

"A metamorfose dos pássaros" foi produzido por Pedro Duarte e Joana Gusmão, contou com apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual, da RTP e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Além deste filme, Catarina Vasconcelos fez a curta-metragem "Metáfora ou a tristeza virada do avesso" (2014).