O conceituado realizador James Cameron já nos levou a mundos alternativos em «Avatar» e «Aliens», mas é a sua jornada real pelas profundezas dos oceanos que nos oferece uma visão de um mundo verdadeiramente alienígena.
Um mês depois da sua maior experiência, o National Geographic Channel anuncia a estreia do documentário especial «James Cameron: Mergulho até ao Fim da Terra», um programa que mostra a expedição histórica do realizador à Fossa das Marianas, considerado o ponto mais profundo dos oceanos.
Este documentário mostra uma entrevista exclusiva com James Cameron assim como excertos de vídeos e imagens do antes, do durante e do depois do mergulho à Fossa das Marianas.
No mês passado, James Cameron, o visionário realizador cinematográfico e explorador do National Geographic, desceu cerca de 10.9 quilómetros até ao lugar conhecido como a Fossa das Marianas, uma área mais profunda do que a altura do monte Evereste.
Esta viagem, que quebra todos os recordes, fez manchete de jornais em todo o mundo e é uma expedição científica levada a cabo por James Cameron, National Geographic e Rolex para investigar e explorar as profundezas do oceano. Desta forma, James Cameron torna-se no único indivíduo a completar este mergulho num só veículo e a primeira pessoa, desde 1960, a alcançar o ponto mais profundo da terra num submarino.
A Fossa das Marianas é, provavelmente, o lugar mais isolado do nosso planeta.
James Cameron, que realizou este mergulho sozinho, descreve a sua viagem a este remoto lugar à medida que vai descendo em profundidade: «Estava a ver a profundidade alterar nos monitores. O submarino abranda à medida que vai chegando ao alvo. Há um longo momento de pausa em que realmente começo a tomar consciência da situação. Depois, mãos à obra. Tenho menos de mil léguas até chegar ao fundo e começo a ajustar a câmara, a ligar os spots de luz. Enquanto o altímetro conta, eu começo a ver o brilho do no solo!».
«James Cameron: Mergulho até ao Fim da Terra» é a entrevista mais íntima e pessoal do realizador durante esta jornada. Um documentário de 30 minutos selecionados de entre mais de duas horas dos seus relatos em primeira mão sobre o projeto e que detalha os sete anos de desenvolvimento do mesmo até ao momento em que chega a “tocar” no fundo do oceano. Este projeto é a primeira expedição de James Cameron como explorador residente da National Geographic.
«Não poderia imaginar um parceiro melhor. A National Geographic como organização sempre se destacou pelo seu espírito de exploração e descoberta. Estas são as principais caraterísticas que tornam, não só a sociedade em geral, mas também a revista e o canal tão famosos. É um legado de promoção à exploração que propõe deixar as pessoas entusiasmadas pelo novo e pelo desconhecido», diz James Cameron.
Neste documentário, o realizador partilha os seus pensamentos e receios quando aborta um dos primeiros test-dives, fala das emoções que sentiu durante a misteriosa descida através da escuridão e revela as decisões calculadas que teve de tomar uma vez que chegou ao fundo.
Com 1,88 metros de altura, Cameron teve de entrar num submarino feito à sua medida e que consegue suportar 1,125 quilos por centímetro quadrado (o equivalente ao peso de quatro SUV’s em cima de um dedo do pé). O verdadeiro desafio: teve de manter sempre os seus joelhos dobrados e tinha apenas uns centímetros de espaço para mover os braços. Esta situação tornou-se um pouco crítica para James Cameron conseguir manejar o veículo. Câmaras costumizadas dentro do submarino de alta tecnologia permitiram captar imagens inacreditáveis fazendo agora que os espectadores experienciem a viagem do ponto de vista de James Cameron.
Para além da descida à Fossa das Marianas, este documentário especial recorda os altos e baixos dos sete anos passados e de toda a fase de design do submarino (de nome Deepsea Challenger), que foi especialmente construído para aguentar com as altas profundidades.
A animação GCI utilizada também permite ilustrar a colossal descida de 2 horas e 36 minutos até ao fundo e que vai além dos últimos vestígios de luz solar a 1000 metros, além do nível de profundidade do local onde o Titanic “descansa”, a 3800 metros e além da altura do Everest (8850 metros. Uma vez no mais fundo dos fundos, James Cameron envia uma mensagem à superfície: «acabado de chegar ao ponto mais profundo do oceano. Bater no fundo nunca me fez sentir tão bem. Mal posso esperar para partilhar convosco o que estou a ver».
Para além desta mensagem, Cameron descreve com mais detalhes o que vê à sua volta na Fossa das Marianas: «Parece que alguém andou a deitar tinta de látex em Masonite. Estamos a falar do sítio mais sombrio e ermo que já vi».
E continua: «Aqui estou eu, no sítio mais remoto do planeta Terra, que levou todo este tempo a chegar, e sinto-me a pessoa mais solitária do mundo, sem hipótese de resgate, completamente isolado do mundo, até que a minha mulher liga-me. O que por acaso foi muito carinhoso da parte dela. Que isto seja uma lição para todos os homens: pensam que podem fugir, mas na verdade nunca podem».
Finalmente, depois de retirar uma amostra do solo, o sistema hidráulico começa a falhar o que poderá levar à paragem total do submarino. James Cameron tinha planeado estar seis horas debaixo de água, mas ao final de três teve de voltar, obrigatoriamente, à superfície.
Apesar de voltar à superfície mais cedo do que o previsto, o mergulho histórico foi um grande triunfo, não só pelas imagens captadas do ponto mais profundo do oceano, mas também porque permitiu dar mais ênfase à importância da pesquisa oceânica.
Como James Cameron diz: «Quase todo o dinheiro é investido na exploração do espaço, mas o oceano é uma das nossas bases de sobrevivência nesta nave espacial que é a Terra. E nós estamos a destruí-la mais rápido do que a investigá-la ou a conhecê-la melhor. Penso que este projeto chama a atenção para o oceano e para a falta de fundos para a sua exploração».
ESTREIA de «James Cameron: Mergulho até ao Fim da Terra», domingo, dia 20 de maio, às 00h10, no NGC
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